MP faz operação contra corrupção e prende vereadores na Grande BH

Esquema de cobrança de propina funcionava dentro da Câmara de São Joaquim de Bicas, na RMBH. Empresários eram extorquidos para ter projetos de interesse das empresas aprovados no Legislativo municipal

Iracema Amaral

- Foto: Paulo Filgueiras / EM / D.A Press


Três vereadores de São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram presos na manhã desta terça-feira,  além de outros três parlamentares  conduzidos coercitivamente, e levados  à sede do Ministério Público em Igarapé, também na RMBH. A ação faz  parte de uma operação deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais para combater esquema de corrupção que funcionava na Câmara Municipal. Com o apoio da  Polícia Militar, os promotores  cumpriram também mandados de busca e apreensão no prédio da Câmara e nas casas dos vereadores.

De acordo com as primeiras informações, o esquema funcionava mediante a cobrança de propina de empresários que desejavam ter projetos aprovados no município e que dependiam de votação na Câmara Municipal. Os vereadores procuravam o empresário interessado - dos setores imobiliário, indústria metalúrgica e de plástico-,  e informavam que determinado projeto só seria aprovado  mediante  pagamento de suborno.

Maioria sob suspeita

Vereador Carlos Braga ao chegar preso e algemado à sede da Câmara de Bicas - Foto: Paulo Filgueiras / EM / D.A PressSão Joaquim de Bicas tem 11 vereadores e, segundo o MP, seis vereradores estão sendo investigados na operação- o presidente da Câmara de São Joaquim de Bicas, Carlos Braga (PSB), o vice-presidente da Casa, Fábio Cândido (PSDB), Enilton César (sem partido), Marcos Hender dos Reis (PT), Tarcísio Alves de Resende (PMDB) e Cristiano Carvalho (PMDB).

O ministério Público dará uma coletiva na tarde desta desta terça-feira para informar qual a participação de cada um dos parlamentares  no esquema de corrupção investigado e, ainda, quantos se encontram presos ou tiveram prisões coercitivas decretadas pela Justiça.

Operação

A operação começou às 6h da manhã desta terça-feira, com a participação de 11 viaturas da Rotam, com 44 policiais, que deram  garantia para cumprimento dos mandados decretados pela Justiça. O prédio da Câmara Municipal foi fechado e os servidores foram impedidos de entrar no local, onde foram apreendidos documentos e computadores. A reabertura da Casa só ocorrerá nesta quarta-feira (25).

Por volta das 10h20 desta terça-feira, o  presidente da Câmara, vereador Carlos Braga, preso na casa de um amigo, chegou em uma viatura, algemado e, segundo o capitão Guilherme Tiradentes da Rotam, ele foi até a sede do Legislativo para abrir o cofre da Casa.  Braga entrou no local sob vaias de populares, que gritavam "a casa caiu". O vereador saiu do prédio sem, segundo militares, abrir o cofre, alegando que não conhecia a senha.

Investigações

As investigações começaram há dois meses, depois que empresários procuraram o Ministério Público para denunciar que estavam sendo extorquidos pelos vereadores.  Não há ainda informações sobre valores oriundos da extorsão denunciada pelo Ministério Público.

O vereador Carlos Braga, conhecido na cidade como Carlinhos da funerária,  teria dito aos policiais ao ser preso que estava sendo vítima "de perseguição política" por ter anunciado que seria candidato a prefeito nas eleições de 2016.
Na casa dele, para onde foi conduzido  após ser preso, além de documentos, foi apreendida também uma arma calibre 22, que ele negou ser o proprietário. Braga disse que encontrou  a arma na rua. 

Assista ao vídeo do momento da prisão de um dos vereadores: 

 

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