Em reunião realizada nesta terça-feira, os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiram pressionar o Planalto. O texto que ambos querem aprovar, de autoria do líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), dá à União o prazo de até 30 dias, "da data da manifestação do devedor, (...) para promover os aditivos contratuais, independente de regulamentação". Caso contrário, continua o texto, o ente devedor poderá recolher com base na aplicação da lei.
A decisão contraria a presidente Dilma, que mais cedo declarou que a troca do indexador estava fora da pauta. Em entrevista, a presidente afirmou que era "inconsequente" dizer que há "espaço fiscal" para resolver o problema do indexador da dívida de Estados e municípios. "Nós estamos fazendo um imenso esforço fiscal.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, justificou a decisão."Ninguém quer mudar a lei, ela já foi sancionada pela presidente da República, então ela tem que ser executada. Como o governo não está executando, isso praticamente vira uma interferência do Poder Executivo no Poder Legislativo. (Dilma) poderia ter vetado, se sancionou, nós queremos que seja ela seja cumprida", declarou
Para o presidente do Senado, Renan Calheiros, apesar de o governo adiar a regulamentação para não prejudicar o ajuste fiscal em curso, a atitude é, na verdade, um "desajuste". "Como você pode punir Estados e municípios a continuarem pagando uma taxa de juros escorchantes da década de 1990? Quando você obriga Estados e municípios a fazer isso, você os obriga a tirar recursos dos salários, dos investimentos, da saúde, da segurança, da educação", argumentou Calheiros.
Segundo o presidente do Senado, esse será apenas o primeiro item do que chamou de "pauta expressa" combinada entre as duas Casas, que deve incluir também projetos relativos à reforma política. Renan admitiu, porém, que a pauta não irá, necessariamente, levar em conta os interesses do governo.
"O Congresso é independente e não há outra coisa a fazer neste momento a não ser acentuar a independência do Congresso. O que a sociedade está cobrando do Congresso é justamente que ele seja cada vez mais independente. Harmônico também, mas sobretudo independente", disse.
Com informações da Agência Estado.