Eduardo Paes encontra-se com Cardozo para discutir dívida do Rio

Rio, 25 - Um dia depois de reunir-se em Brasília com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), jantou nesta quarta-feira, 24, no Rio, com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para discutir a questão da dívida do município, mas não houve acordo mais uma vez.

"Estou o tempo todo querendo negociar.
Eu tinha informado à presidente Dilma (Rousseff) que ia entrar com a ação há duas semanas, na Base Aérea do Galeão, e ela entendeu, achou normal. Conversamos por duas horas tentando encontrar uma saída. Ela não está se sentindo traída porque ela sabe disso", disse Paes.

O jantar com Cardozo ocorreu na residência oficial do prefeito. "Estou operando hoje desde cedo. Já conversei com o vice presidente Michel Temer (PMDB), ontem o ministro Cardozo veio ao Rio e jantou comigo na Gávea Pequena. Quero ajudar na solução. Acho que o ajuste fiscal é fundamental.
Mas quero fazer valer o direito da minha cidade, não posso ser irresponsável."

Paes disse não esperar retaliação do governo federal. "Sou prefeito há seis anos, aliado ao governo federal. Já vi prefeito fazendo oposição ao governo federal sem sofrer retaliação. É pensar muito pequeno. Nossa aliança política não é para repassar recursos."

Discussão

Na discussão que teve com o ministro da Fazenda no último dia 12, quando ele e Dilma visitaram a cidade, Paes teria dito a Levy para "baixar a bola". O prefeito não negou a informação. "O Joaquim é meu amigo pessoal, carioca. Nesse dia com a Dilma a gente quebrou o pau loucamente. Até achei que ela estava mais habilidosa politicamente, deu uma de malandra, deixou o Joaquim brigando comigo e disse `pô, Joaquim, ajuda aí o Eduardo'. Eu falei: `Ela está aprendendo a fazer política'. Isso não é uma questão pessoal, não é terapia de grupo."

Paes afirmou que obras da olimpíada não seriam afetadas, caso o Rio tenha que pagar parcelas da dívida original, sem a redução do saldo devedor prevista na regra aprovada pelo Congresso no fim do ano passado. No início desta semana, a Justiça Federal concedeu uma liminar que beneficia a Prefeitura do Rio. Com a mudança na regra de cálculo, a dívida do Rio cai de R$ 6,2 bilhões para R$1,2 bilhão.
"Nenhum (setor) seria afetado. Está tudo previsto no orçamento", afirmou Paes.

O prefeito disse que a última parcela de R$ 29 milhões, de acordo com a nova regra, foi depositada em juízo nesta terça-feira, 24. "Não tem nenhum tipo de conflito político. Estou defendendo interesses da cidade. Sou grande aliado da presidente Dilma, mas entre as vontades dela e a cidade do Rio, fico com o povo do Rio. Se for um conflito pelo povo do Rio, estabeleço o conflito", afirmou o prefeito. "Tentamos um acordo até a última hora, não conseguimos, e ela (Dilma) sabia que eu ia entrar com a ação. Em nenhum momento ela me pediu que não fizesse isso.".