Brasília – Enquanto o afastamento de João Vaccari Neto divide petistas no Congresso, o tesoureiro do PT resiste à ideia de deixar o cargo e se aproxima da ala que defende sua permanência. A tese é de que, se ele se licenciar, passa o recibo de que se envolveu nas irregularidades investigadas na Operação Lava-Jato. Outra tendência na sigla quer isolá-lo a fim de minimizar os desgastes da presidente Dilma Rousseff. Reservadamente, no entanto, um pequeno grupo da legenda admite que o melhor seria Vaccari deixar o partido.
Há dois dias, após ser denunciado na primeira instância por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, alguns petistas esperavam que o tesoureiro cedesse à pressão e anunciasse uma licença temporária da legenda, sob a justificativa de que precisaria se concentrar na defesa depois de ter virado réu no processo da Operação Lava-Jato. Nessa qurata-feira, predominou o entendimento de quem defende o tesoureiro. “Vaccari não sai pela mesma razão que Eduardo Cunha (presidente da Câmara) e Renan Calheiros (presidente do Senado) – também citados na Lava-Jato – não saíram”, defendeu o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), que é a favor de ele se explicar no cargo.
Por outro lado, há petistas que consideram que Vaccari não vai resistir. “Ele não vai aguentar a pressão. Quem defende a permanência é porque defende ele.
Por não ter mandato parlamentar, o processo do tesoureiro está em primeira instância, no âmbito da Justiça Federal. Vaccari é acusado de receber propina no esquema de corrupção que desviou milhões da Petrobras. À CPI da Petrobras, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco estimou que o tesoureiro tenha movimentado cerca de US$ 200 milhões em propina. “(Vaccari) não apenas conhecia (o esquema de corrupção), mas o comandava, direta ou indiretamente”, diz a denúncia do Ministério Público.
EMPREITEIRAS O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, defendeu nessa quarta-feira a possibilidade de empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato fecharem acordos de leniência com a Controladoria-Geral da União (CGU). A proposta é criticada por parlamentares da oposição e pelo Ministério Público Federal (MPF) por, supostamente, prejudicar o andamento das investigações e servir de “acordo de conveniência” para salvar construtoras. Mesmo sofrendo multas e outras sanções, as empresas poderiam continuar firmando contratos com o poder público, caso fechem os acordos. No Tribunal de Contas da União (TCU), os ministros decidiram nessa quarta-feira postergar o julgamento que decidirá sobre a possibilidade dos acordos. Até o momento, cinco empresas já manifestaram interesse – Engevix, OAS, Galvão Engenharia, SBM Offshore e Toyo Setal. À tarde, a Galvão Engenharia, uma das 16 empresas investigadas na Lava-Jato, apresentou à Justiça do Rio pedido de recuperação judicial. (Colaborou Eduardo Militão).