O juiz Sérgio Moro determinou nesta quarta-feira o encaminhamento ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) dos documentos apreendidos nas buscas realizadas na residência do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, incluindo sua agenda de capa preta que contém anotações dos negócios do executivo envolvendo políticos.
A medida atende ao pedido do ministro do STJ Luis Felipe Salomão, relator dos casos da Lava-Jato na Corte, onde tramitam dois inquéritos para investigar suposta participação dos governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Acre, Tião Viana (PT), e do ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) em esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Além dos documentos, apreendidos pela força-tarefa da Lava Jato no ano passado, também foram compartilhadas as análises da PF sobre a agenda de Paulo Roberto Costa.
Os documentos vão ser utilizados nas diligências da Corte para apurar o envolvimento do governador petista no esquema. Já no inquérito para apurar o envolvimento de Cabral, Pezão e Fichtner, a Procuradoria pediu que sejam coletados documentos, vídeos e registros de entradas e saídas do hotel Caesar Park em Ipanema, zona sul do Rio.
Segundo os delatores, o local teria sido palco de um encontro, em 2010, para combinar a arrecadação de fundos com Costa. Foi pedido ainda que Cabral, Fichtner e executivos das empresas Skanska, OAS, UTC, Alusa, Techint e Odebrecht prestem depoimento no prazo de até 60 dias. Serão também analisadas as doações eleitorais feitas ao ex-governador do Rio. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá prazo de 90 dias para isso.
Propinas
No inquérito, Cabral, Pezão e Regis Fichtner, ex-chefe da Casa Civil do Rio, são investigados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a Procuradoria, Cabral e Pezão agiram juntos, com colaboração do ex-secretário, para receber R$ 30 milhões em 2010 de empresas contratadas pela Petrobras para a construção do Comperj. O dinheiro teria sido destinado para a campanha dos peemedebistas - na época, Cabral disputava a reeleição como governador e Pezão, como vice.
A Procuradoria relata que o recebimento da propina foi feito por meio do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. No pedido de inquérito, a Procuradoria pediu que sejam ouvidos Cabral, Fichtner e executivos de empresas citadas pelo ex-diretor.
No outro pedido de inquérito, Tião Viana é suspeito de receber R$ 300 mil em propina da Petrobras como auxílio para se eleger pela primeira vez ao governo do Acre, em 2010. Segundo a Procuradoria, a solicitação do dinheiro foi feita a Youssef e autorizada por Costa.
Os citados nos inquéritos negam veementemente envolvimento no escândalo da Lava-Jato.