Com três meses de atraso, os deputados estaduais aprovaram nessa quinta-feira por unanimidade, com 63 votos, o orçamento do estado de Minas Gerais deste ano com um déficit de R$ 7.273.206.020. Sem dificuldade, e contando com a adesão da bancada que se coloca como independente na Casa, o governador Fernando Pimentel (PT) fez valer a versão que pediu dos números, revisando receitas e despesas que haviam sido projetadas pelo seu antecessor no cargo, o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP). Também foi aprovado o Plano Plurianual de Ações Governamentais (PPAG). O governo de Minas terá R$ 68.348.576.465 para um gasto de R$ 74.415.448.541, o que deixa um rombo de R$ 6,1 bilhões. O buraco aumenta por causa de R$ 1.163.143.254 de despesas de exercícios anteriores que foram incorporadas. As maiores cifras estão nas áreas da segurança, saúde, educação e transporte.
No enxugamento feito por Pimentel, os investimentos que, pela versão do governo anterior, eram de R$ 6,8 bilhões passaram para R$ 2,9 bilhões, tudo com recursos de operações de crédito. Segundo o líder do governo, deputado Durval Ângelo (PT), a escassez não vai parar o estado. “Vamos precisar de parcerias público-privadas (PPPs) e obras como o metrô, BR-381, o novo Anel Rodoviário e outras se farão em parceria com o governo fede-ral. O governador está em Brasília exatamente tratando desses recursos que virão para Minas com certeza”, disse. Questionado sobre a possibilidade de infringir a LRF, Durval disse que a gestão anterior também o fazia ao não investir os percentuais corretos em saúde e educação. “No ano passado, eles cancelaram obras e empenhos, isso é descumprir a lei”, afirmou.
EMBATE A folga numérica que Pimentel conseguiu para aprovar o orçamento não impediu uma enxurrada de críticas da oposição, que tentou sem sucesso emplacar cinco emendas que retiravam recursos da publicidade e destinavam às áreas da saúde, educação, segurança e meio ambiente. Os opositores se revezaram na tribuna para reclamar de cortes feitos por Pimentel, a quem se referiam como “Mãos de Tesoura” e “Fernando do PT da Dilma”. “Não havia necessidade de atrasar a votação em três meses. O governo do PT queria criar uma nuvem de fumaça para enganar a população, dizer que o estado está quebrado e por isso não pode cumprir suas promessas de campanha”, afirmou o líder da minoria Gustavo Valadares (PSDB).
Depois de vários ataques ao governo Pimentel, o líder do governo Durval Ângelo rompeu o acordo e foi à tribuna responder aos opositores, o que quase colocou por água abaixo a votação. Coube ao deputado Dilzon Melo (PTB) cobrar o cumprimento da negociação, que dava apenas aos opositores a função de fazer os encaminhamentos. “Vocês tem de engolir a bucha que nós engolimos aqui por 20 anos. É preciso ouvir o que dizia o ex-governador Hélio Garcia: situação não discute, vota”, afirmou.
Cortes
Segundo Gustavo Valadares, as emendas eram apenas para marcar posição, pois eles não tinham número suficiente para aprovar. O tucano disse que a oposição votou o orçamento para não inviabilizar o estado, mas discorda de cortes feitos.“Foram R$ 100 mil cortados da Funed, que cuida da criação de vacinas e mais R$ 50 mil retirados do Hemominas, que é o banco de sangue de Minas Gerais. Votamos a favor do orçamento porque não queremos ser taxados como responsáveis pelo não cumprimento das promessas de campanha”, afirmou. A partir de agora, o tucano disse que a oposição vai cobrar de Pimentel medidas prometidas por ele, como redução do ICMS da energia elétrica, reajuste imediato para a educação, manutenção dos 12 hospitais regionais e outras ações.