Brasília – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou ontem o Palácio do Planalto de patrocinar a refundação do Partido Liberal e classificou a atitude como a “pior criação” da articulação política do governo nos últimos meses. “Como pode o governo patrocinar uma coisa que objetiva diminuir o tamanho de um aliado? Isso é um péssimo exemplo da reforma política que nós vamos ter”, disse Renan, ao ser questionado sobre a ideia do PMDB de desencadear uma batalha jurídica para impedir que o PL seja criado. “Nós precisamos acabar com essa farra da criação de novos partidos. Principalmente, de partidos patrocinados pelo governo que pretendem fazer a fusão para levar aliados. Do ponto de vista da articulação política dos últimos meses, essa foi a pior criação”, afirmou.
A sanção ocorreu esta semana, mas somente depois de o PL conseguir dar entrada ao pedido para registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os peemedebistas acreditam que uma futura fusão do PL com o PSD de Kassab tem como objetivo abrir uma nova janela de infidelidade para que parlamentares possam mudar de partido e desidratar o PMDB.
Dívida dos estados Renan Calheiros reforçou que o Congresso vai dar a última palavra sobre a proposta que regulamenta a troca do indexador das dívidas de Estados e municípios com a União. “O governo não pode deixar de regulamentar a lei porque a última palavra do processo legislativo é do Parlamento”, disse ao chegar para evento promovido pela bancada feminina do Congresso, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Quando o Executivo não faz a sua parte, suplementarmente o Parlamento vai ter que fazer”, completou.
Questionado sobre a avaliação de analistas políticos de que o Brasil estaria vivendo, em tese, um parlamentarismo em razão protagonismo que ele e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), estão tendo na condução de matérias prioritárias para o governo, Renan afirmou que “o Congresso não tem outro caminho a não ser fazer a sua parte, cumprindo o seu papel constitucional”. “O Brasil pode ter certeza que Cunha e eu não vamos abrir mão do nosso papel constitucional”, afirmou.
O presidente do Senado tergiversou ao ser questionado sobre a possibilidade de o governo recorrer em caso de novas liminares, como a da Prefeitura só Rio de Janeiro, e decidiu ressaltar a importância da medida. “A troca do indexador objetiva que se remunerem os contratos da dívida pública com o mesmo índice, com o mesmo indexador que regula hoje todos os contratos no Brasil”, disse. “O que há de se perguntar é se é justo um estado pobre, um município falido pagar 17% de juros ao mês”, completou.