O empresário Rogério Chequer, um dos líderes do "Vem pra Rua", disse no domingo, que há "um clamor muito alto" das bases do movimento para que um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff seja admitido, dentro do grupo, como uma possibilidade concreta entre suas metas e palavras de ordem. "Não é um clamor pelo impeachment em si. E, de novo, lembramos a precondição de que tem de ser tudo dentro da lei", afirmou. "Mas o fato é que começamos a perceber várias iniciativas que trazem motivos novos, argumentações de que a presidente poderia estar sujeita a uma ação por crime comum", afirmou. Disse também que nesta segunda, 30, ou terça-feira, 31, o movimento vai "oficializar" essa posição no documento sobre temas que defenderá na próxima manifestação, dia 12 de abril.
Criado no final do ano passado, o "Vem pra Rua" destacou-se nos recentes protestos de rua defendendo o "Fora Dilma" mas entendendo - até a semana passada - que "por enquanto" não via razões legais para o impeachment (da presidente)". Essa posição vinha sendo cobrada por vários outros grupos.
Um dos motivos para se incluir o impeachment, agora, como perspectiva concreta - segundo o empresário - é a movimentação do governo em favor dos acordos de leniência que vêm sendo negociados com empresas envolvidas em casos de corrupção. "Já foram aprovados cinco, e temos vários pedidos novos em andamento", afirmou. Chequer ressalta que não é advogado e que não tem "competência nem a função" para entrar no mérito jurídico do problema e que o impeachment não é a "causa central" do movimento.
'Plano'
"Não podemos ficar calados diante disso. O que parecia um plano iniciado no Executivo, interferido no Judiciário, invadindo a AGU, passado pelo TCU e aterrissado na Controladoria-Geral (CGU) começa a se deflagrar", explicou.
Ele diz não estar sozinho nessa percepção. Menciona "outras iniciativas" de advogados e de partidos políticos, como o PPS - cujo deputado Raul Jungmann (PE) pediu ao Supremo Tribunal Federal uma avaliação sobre a constitucionalidade dos acordos de leniência. "Cresce a ideia de que se consiga pelo menos uma investigação sobre o papel da presidente nisso tudo", resumiu Chequer.
Ele diz não ter medo de que esse gesto seja visto como um passo à direita e, assim, prejudique a imagem do grupo. "Não é radicalização, de modo algum. Não estamos fechando o foco, continuamos com todas as outras demandas - por ética na política, por cidadania, por um basta à corrupção e à má gestão dos recursos públicos", concluiu.
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