Além disso, a Receita Federal dará prioridade neste ano a investigação de operações em que houve fraude em fusão e aquisição de empresas para pagar menos tributos. Esse tipo de operação é apontado pelos investigadores como um dos focos da Operação Zelotes, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal na semana passada.
A operação investiga um esquema de corrupção no Carf para anular ou reduzir multas aplicadas pela Receita que pode ter causado prejuízos de R$ 19 bilhões aos cofres públicos.
Os conselheiros do Carf são indicados pelo Ministério da Fazenda e por entidades que representa os contribuintes, como confederações da indústria e do comércio. A questão do conselho preocupa Levy desde antes mesmo de sua posse. Em seu discurso ao assumir o cargo, no início do ano, o ministro disse que seria dada "renovada ênfase" ao conselho "com vistas a fortalecê-lo".
Na ocasião, Levy disse que serão garantidos os princípios da impessoalidade e o aumento da eficiência de processos. "A minha experiência indica que o equilibrado encaminhamento do contencioso tributário é um poderoso instrumento para a conformidade e estímulo à eficiência das boas empresas", disse, no discurso em janeiro.
Já na posse, Levy indicou o então secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, para a presidência do Carf, em substituição ao então presidente Otacílio Cartaxo. A Operação Zelotes apura se Cartaxo está envolvido no esquema.
Prioridades
Um dos principais focos dos problemas encontrados pelos investigadores foi em processos questionando multas aplicadas pela Receita pelo não-pagamento de tributos decorrentes de operações de fusão e aquisição.
São casos em que uma empresa, ao adquirir outra, pode descontar do pagamento de tributos o ágio da operação - diferença entre o valor de compra e o valor do patrimônio da companhia adquirida.
A Receita já identificou abusos no abatimento do ágio e declarou como prioridade a fiscalização dessas operações em 2015. Casos em que empresas são criadas com o único objetivo de adquirir outra companhia de terceiros serão analisados com lupa.
Como informou o jornal "O Estado de S. Paulo" no último sábado, são investigadas grandes empresas, como os bancos Bradesco, Santander, Pactual, Bank Boston, as montadoras Ford e Mitsubishi, o grupo de alimentos BRFoods, a Petrobras, Camargo Corrêa, Light, Gerdau e o grupo de comunicação RBS. Procuradas, as empresas negaram irregularidades..