O ex-ministro é diretor do Instituto Lula, em São Paulo, e um dos conselheiros mais próximos do ex-presidente. Suas declarações foram feitas durante entrevista ao cientista político Rudá Ricci.
Na entrevista, divulgada pela internet, Dulci disse que a crise econômica não é tão grave quanto a oposição tenta fazer crer e defendeu a política econômica conduzida sob a batuta de Joaquim Levy, ministro da Fazenda: "O ajuste é necessário. Houve um certo descontrole fiscal."
Para o ex-ministro, o reajuste fiscal, embora difícil para um governo com vocação desenvolvimentista, mostrará seus efeitos a médio prazo. "O País vai voltar a crescer gradativamente."
Os principais desafios de Dilma, porém, não são econômicos: "Os desafios políticos são maiores."
Dulci acredita que o governo da presidente Dilma precisa agir em várias frentes. A primeira delas está no Congresso, onde as dificuldades de articulação política hoje são maiores do que no governo Lula. Isso ocorre, entre outros fatores, porque o número de partidos aumentou e a fidelidade partidária ficou ainda mais esgarçada.
A recomendação do ex-secretário-geral é para que Dilma tente estabelecer uma linha de pontos programáticos com os partidos que integraram a coligação eleitoral de 2014 e formalize uma aliança programática - o mais rapidamente possível: "No Brasil não se governa sem alianças."
Embora difícil de ser costurada, a aliança não é impossível, segundo Dulci.
Outra frente de ação se refere aos movimentos sociais, com os quais a presidente deveria melhorar o seu nível de diálogo. Dulci enfatiza essa questão em mais de um momento da entrevista.
"Esse é um dos principais desafios", disse ele ao cientista político. "Ela nem sempre consegue explicar suas medidas. Há um problema de diálogo com a sociedade." Para o ex-ministro, "a governabilidade no parlamento é fundamental, mas é preciso ter também uma governabilidade social, sobretudo com os setores da população organizada".
Governo Lula
Dulci iniciou a carreira política no meio sindical em Minas e foi um dos fundadores do PT. Ao se referir ao governo do presidente Lula, que ele integrou do primeiro ao último dia, disse: "O Lula governou durante oito anos fazendo pontes, procurando beneficiar os setores populares, especialmente os excluídos, mas sem antagonismos, sem confrontos com a indústria nem com o setor financeiro.".