Lideranças dos movimentos populares, centrais sindicais e partidos políticos – como PT e PCdoB – defenderam o governo da presidente Dilma Rousseff, defenderam a reforma política, mas também fizeram críticas. “Estamos aqui em defesa de um legado dos últimos 12 anos que elevou a capacidade e melhoria da qualidade de vida da classe trabalhadora. Precisamos defender esse projeto político que nós construímos”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
“Jamais aceitaremos o golpismo, mas não aceitamos e não podemos achar que o ajuste fiscal feito pelo Levy vá levar esse Brasil à frente, porque não vai. Nós necessitamos que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados. E há insatisfação da classe trabalhadora, registre-se”, acrescentou o presidente da CUT, uma das organizadoras do ato.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, destacou que o movimento defenderá o governo se houver ameaça de golpe, mas criticou também a política econômica desenvolvida pelo Planalto. “Não haverá golpes no país sem resistência de massa nas ruas. Não iremos para debaixo da cama, nem para a França.
“Nós precisamos de ajustes, mas não ajustes que agridam os direitos conquistados com muito sacrifício e esforço pelo nosso povo. Precisamos de ajustes contra o capital financeiro, contra as grandes fortunas. Precisamos de ajustes com esses 500 anos de latifúndio e 400 anos de escravidão no país”, acrescentou.
O presidente do PT, Rui Falcão pediu unidade aos partidos, centrais e movimentos sociais para criar uma frente única em defesa da democracia e defendeu a política de inclusão do governo. “Toda a esquerda e o movimento social está sob ataque neste momento. Sob ataque de uma direita que não se conforma com as mudanças em nosso país. Nós não queremos afirmar o projeto do PT, do PCdoB, da CUT, do MST, queremos que prossiga o projeto de desenvolvimento do nosso país que tirou milhões da miséria”, disse.
Raimundo Bomfim, coordenador da Central dos Movimentos Populares, ressaltou que os movimentos sociais não vão aceitar a retirada de direitos e destacou que o avanço conservador poderá ser combatido nas ruas, se necessário. “Se o andar de cima continuar insistindo em bater panela, o andar de baixo só tem uma alternativa: vamos botar fogo no fogão”.
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o ajuste na economia feito pelo governo federal e ressaltou que a política será alterada assim que o panorama melhorar. “Era necessário fazer um ajuste. Eu fiz um ajuste mais forte do que esse em 2003 porque era necessário. E agora a companheira Dilma tinha a necessidade de dar uma parada”, disse. “Mas quando as coisas melhorarem, a Dilma começa a reajustar as coisas, outra vez, favorável ao povo brasileiro”, acrescentou.
Lula disse ter consciência que os sindicatos e movimentos sociais não concordam com a política do Planalto. “O sindicato não está contente, tenho certeza que o movimento social não está.
“A presidente Dilma deveria saber o seguinte, e ela sabe. Ela sabe como eu sei, ela participou: quando eu estava no sufoco quem foi me estender a mão, jogar uma boia para me salvar, não foi o mercado, foi a classe trabalhadora brasileira”, afirmou.
Os pronunciamentos sobre a situação política brasileira na plenária foram uma prévia sobre os temas que serão levados às ruas nos dias 7 de abril e no 1º de Maio, Dia do Trabalhador, quando haverá grandes atos marcados pelos movimentos populares. No evento de ontem, estavam entre os diversos movimentos sociais a Coordenação Nacional das Entidades Negras, o Centro de Estudos de Comunicação Barão de Itararé, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Marcha das Mulheres, e a Central dos Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB)..