Esse grupo de deputados e senadores pop se mostra heterogêneo ao extremo. Alguns já eram conhecidos antes da vida política, como o tetracampeão Romário, outros emplacaram a fama pelas polêmicas acumuladas depois de eleitos, como Jair Bolsonaro. Há ainda quem seja famoso nas duas situações, como o brother Jean Wyllys, que ganhou o BBB há 10 anos, e na última terça, protocolou sua mais recente proposta de lei: a legalização do aborto para todas as mulheres até a 12ª semana de gestação.
Candidato que amealhou mais de 1 milhão de votos de “protesto”, Tiririca — quem diria? — alinhou para um segundo mandato. Na primeira passagem pela Câmara, o palhaço que cantava Florentina de Jesus apresentou 13 propostas — nenhuma foi aprovada. Muitas tentavam dar uma força à própria turma, como a que pedia isenção de IPI sobre “veículos de utilização nas atividades circenses”.
Quem também jogou para a torcida — ainda que sem muito sucesso — foi o ex-goleiro do Grêmio Danrlei de Deus. No “primeiro tempo”, Danrlei apresentou 18 propostas, entre elas o PL nº 4.680/2012, que diminui para 9 anos a idade mínima para obtenção de bolsa-atleta.
Um dos alvos preferidos nas redes sociais, Marco Feliciano não pode ser acusado de, ao menos, não tentar. Entre 2011 e 2015, foram 41 projetos de sua autoria. O pastor, no entanto, não conseguiu emplacar nenhuma proposta. Quando Feliciano não apresenta propostas religiosas ou conservadoras, se refugia em temas mais prosaicos, como quando propôs a proibição da “utilização do ‘cerol’ no brinquedo desportivo chamado pipa” (PL nº 4.205/2012).
Nos últimos dois anos, ele se uniu a Bolsonaro em torno de ideias, no mínimo, polêmicas, como a “castração química” de estupradores (PL nº 5.398/2013 e PL nº 4.333/2012). Cada um apresentou um projeto separado, mas tramitam em conjunto pelo conteúdo ser o mesmo: tratamento químico para inibir sexualmente os agressores sexuais. Mais recentemente, Bolsonaro conseguiu novos 15 cliques de fama ao tentar nomear o mar brasileiro em homenagem ao militar Emílio Garrastazu Médici, que presidiu o Brasil durante os “anos de chumbo” da ditadura, entre 1969 e 1974.
Curtir e votar
Romário divide com Marco Feliciano o pódio de popularidade nas redes sociais. O perfil do pastor no Facebook tem 2.080.467 curtidas, enquanto o do jogador conta com 1.732.013 curtidas. Já no Twitter, o Romário vence disparado: 1,97 milhão contra 344 mil do pastor.
Transexuais, autoescola e 220 volts
“Rival” de Feliciano e de Bolsonaro na atual Comissão de Direitos Humanos e Minorias, Jean Wyllys é outro que domina a timeline das redes sociais do eleitorado, especialmente o mais jovem. O deputado do PSol tem dois projetos aprovados: a criação do Dia Nacional do Teatro Acessível e do Dia Internacional do Direito à Verdade, no calendário nacional. No primeiro mandato, o ex-BBB surgiu com 30 projetos, entre eles o que propôs a Lei da Identidade de Gênero Brasileira, mais conhecida como Lei João Nery (PL nº 5.002), que garante o direito aos transexuais de terem a identidade reconhecida conforme se declaram.
Nas eleições de 2014, Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, foi reeleito para seu quarto mandato na Câmara. Apesar de ser o mais experiente da lista, é o que tem o maior número de faltas (mesmo que todas tenham sido justificadas): 12. Em seu último mandato, o companheiro de partido de Bolsonaro apresentou 19 propostas — perdendo, em quantidade, apenas para Tiririca.
O apresentador de televisão Celso Russomano encerrou o último mandato em 2011 e é o campeão de projetos apresentados e aprovados na turma pop: 87 e 3, respectivamente. Russomano foi relator do projeto que alterou o Código de Trânsito, em 2010, ao tornar aulas noturnas de direção obrigatórias. Ele foi também o que mais apresentou propostas de emenda à Constituição, dentre elas a PEC que pretende diminuir de 14 para 12 anos a idade do jovem aprendiz.
Bom de “internet” e bom de voto, José Antônio Reguffe, assim como Romário, chegou ao Senado após um mandato como deputado — foi eleito em 2014 com quase um milhão de votos. Tanto como distrital quanto como federal, fez fama com uma plataforma política de corte de gastos. Na prática, porém, seu desempenho no último mandato não difere muito do obtido pelos demais colegas: 30 projetos, mas nenhum deles tornou-se lei. O PL nº 3.536/2012, por exemplo, propõe que todos os aparelhos eletrônicos tenham voltagem automática. Há uma explicação para a proposta: a passagem de Reguffe na Câmara acabou focada no consumidor — até porque a Comissão de Defesa do Consumidor foi a única da qual ele participou.
O que o levantamento considera
Como método de comparação, apenas Projetos de Lei (PL), Projetos de Lei Complementar (PLP) e Propostas de Emenda à Constituição (PEC) das quais os parlamentares foram autores em seu último mandato e no que começou este ano foram levados em consideração. Um projeto de lei deve ser aprovado na Câmara para depois ser votado no Senado, ou vice-versa. Projetos aprovados em uma casa e em tramitação na outra já podem contar como aprovados. Quanto à presença, o dado é somente relativo às sessões de 2015 (até 24 de março, foram 18) e, se há faltas, algumas podem ter sido justificadas, mas não foram discriminadas do total.