“Tem muita gente que está mal-informada nesse debate”, diz o deputado Laerte Bessa (PR-DF). “Nós não queremos crucificar o menor nem nada disso. Trata-se apenas de fazer justiça com aqueles que são irrecuperáveis, os que são violentos. Os que não são violentos não vão para a cadeia. Veja que os maiores de idade já não vão”, disse o deputado. Ele lembra que a Comissão Especial criada na semana passada têm prazo de seis meses para decidir sobre a proposta.
Os parlamentares favoráveis à PEC apostam ainda na simpatia do atual presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), à proposta. Embora nunca tenha apresentado projeto nesse sentido, Cunha deu inúmeras declarações públicas a favor da redução da idade penal antes de se tornar presidente. No dia em que a admissibilidade da PEC foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, Cunha também determinou a instalação da Comissão Especial para analisar a PEC em tempo recorde, cerca de duas horas depois. Mesmo na oposição, admite-se que aprovar a redução da maioridade penal têm pouco a ver com o esforço para desgastar o governo; o que se busca é capitalizar votos junto à maioria dos eleitores que é favorável à medida.
“Diante desse quadro adverso, nossa política será de resistir. Vamos obstruir enquanto for possível e vamos mobilizar as entidades que são contrárias a esse absurdo”, disse a líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ). Além dos comunistas, já tiraram posição contra a PEC as bancadas do PPS, do PSOL, do PT e do PSB. Entre as maiores legendas do Congresso, PMDB e PP tiveram deputados na CCJ votando a favor e contra a proposta. No PSDB não há posição fechada sobre o assunto, embora os deputados da legenda na CCJ tenham votado a favor da redução.
Os quatro partidos contrários à medida anunciaram que tentarão judicializar a disputa em torno da PEC nos próximos dias. “Diante da pressa desses parlamentares que são favoráveis à redução, só podemos pensar em judicializar. Vamos arguir a inconstitucionalidade da PEC nos próximos dias”, disse a deputada e ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT-RS).