CPI confirma depoimento de Vaccari e PT protesta

Presidente da CPI da Petrobras confirma depoimento do tesoureiro do PT para o dia 9, três dias antes dos protestos contra o governo. PT acusa manobra tucana para antecipar data

Jorge Macedo - especial para o EM
Integrantes da comissão temem que Vaccari Neto, réu no processo da Lava Jato, use o seu direito de ficar calado - Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr Brasilia

Brasília –
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), confirmou, ontem, o depoimento do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, marcado para o dia 9. Petistas ainda tinham a expectativa de adiar o comparecimento de Vaccari na comissão, pois, pelo cronograma acordado entre Motta e o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), o tesoureiro só seria ouvido mais adiante, no dia 23.

Uma manobra do vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), garantiu a antecipação do depoimento. Aproveitando viagem do presidente da comissão ao exterior, ele marcou a nova data. Petistas acusam a oposição de usar o depoimento de Vaccari para inflar as manifestações contra o governo Dilma Rousseff marcadas para o dia 12: “Querer transformar a CPI em estandarte de mobilização é um erro”, disse Luiz Sérgio.

A confirmação da data por Hugo Motta deixa ainda mais evidente o isolamento do PT na CPI da Petrobras instalada na Câmara para investigar o esquema de corrupção na estatal. “O que chegou até mim foi que o Imbassahy marcou a data da convocação para o dia 9. A decisão dele tem amparo regimental e deve ser respeitada, já que ele estava na condição de presidente no dia que anunciou. É uma praxe minha não desautorizar os demais membros componentes da mesa (diretora da CPI)”, afirmou Motta em comunicado. “Manterei o cronograma estabelecido pelo presidente em exercício, Imbassahy, acreditando que Vaccari virá em uma boa hora para a CPI e terá a oportunidade de esclarecer as diversas acusações feitas, inclusive na primeira oitiva realizada por esta CPI.”

Sob influência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos investigados na Operação Lava-Jato, o PMDB e a oposição têm se unido nesta CPI para isolar o PT.
Na noite anterior ao anúncio da data, Motta chegou a mandar uma mensagem de celular a Luiz Sérgio, em que informou estar tentando postergar o depoimento, mas que Imbassahy estava “irredutível”. No início da sessão de terça-feira, o relator informou que o depoimento aconteceria no dia 23. A assessoria de Hugo Motta chegou a confirmar a data, mas, instantes depois, recuou, deixando a data em aberto e só a confirmando dois dias depois.

No mês passado, a Justiça Federal aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Vaccari, tornando-o réu no processo da Lava-Jato sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Os integrantes da CPI, no entanto, esperam que o tesoureiro evite usar o direito de ficar calado e dê detalhes sobre os recursos que o PT teria recebido em propinas da Petrobras.

Briga judicial Partido com o maior número de políticos investigados no esquema de corrupção da Petrobras, o PP pode enfrentar uma briga na Justiça pelo comando da legenda. Deputados avaliam questionar decisão da atual cúpula da sigla que prorrogou por mais seis meses seu atual mandato, adiando a realização de convenção partidária para tratar da composição da executiva nacional. Pelo menos dez integrantes da executiva do PP são alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de ligação com o escândalo de corrupção. Uma reunião na terça-feira deve fechar questão.

Um dos argumentos que teria sido utilizado no encontro para prolongar os mandatos é que as provas ainda não seriam suficientes para garantir que os envolvidos sejam processados porque se baseiam apenas em delações premiadas. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), não foi encontrado. Dos 22 deputados investigados no esquema de corrupção na Petrobras, 18 são do PP. Dos cinco senadores da legenda, três estão na mira do STF. Eles foram citados nas delações de Paulo Roberto ou do doleiro Alberto Youssef como beneficiários do esquema que atuava na Petrobras..