O presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) marcou para as 9h a sessão de votação do texto-base do projeto. O objetivo, segundo ele, é concluir a apreciação do projeto ainda hoje, e analisar amanhã os pontos específicos destacados pelos parlamentares. Caso seja aprovado, o PL permitirá a contratação de terceirizados em todas as atividades da empresa e não apenas nas atividades meio.
Desde segunda, Cunha e Arthur Maia mantiveram contatos com emissários do ministério da Fazenda e com o próprio titular da pasta para evitar que as novas regras resultassem em perda na arrecadação de impostos ou e de contribuições previdenciárias. Além disso, ficou acertado que as empresas, inclusive as públicas, não poderão contratar terceirizadoras que pertençam a parentes de controladores da empresa tomadora de serviço. O clima de divisão na base ficou claro na noite dessa terça-feira: enquanto PT, PDT e PCdoB votaram contra a urgência, o bloco capitaneado pelo PMDB votou a favor.
No começo da noite, Maia apresentou um novo substitutivo para o projeto, incorporando pelo menos quatro alterações que foram sugeridas pelo ministro. As mais importantes dizem respeito ao recolhimento de contribuições para o INSS e de impostos como PIS e Cofins na fonte, e punições para as empresas que “pejotizarem” trabalhadores individuais (exigência de que trabalhadores tenham firma para serem contratados).
Segundo estimativas do próprio governo, as mudanças aceitas por Maia evitarão um impacto de R$ 20 bilhões nas contas públicas. “Nós não podemos avaliar o PL nº 4.330 só do ponto de vista fiscal, de receitas e despesas. É verdade que houve uma boa negociação com a área da receita e já está evitado esse provável prejuízo” , disse o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE).
No discurso, a coordenação política do governo disse que evitará brigas. “Nós temos que buscar o equilíbrio, não pode ir para o tudo ou nada (...). O governo entra como mediador, não como portador do projeto, contra ou a favor. E sim para mediar uma solução que preserve os interesses dos trabalhadores e dos empresários”, disse o líder. Nessa terça-feira, porém, Guimarães orientou a base a votar contra a urgência.
Além da perda de receita, o governo também expressou preocupação de que o projeto ampliasse os casos de fraudes e atrasos no pagamento de FGTS por parte das terceirizadoras. Com a aprovação do requerimento de urgência, o projeto passa a “furar a fila” de proposições a serem votadas em Plenário.
Pouco antes de a discussão ser iniciada em plenário, o líder do governo e de outros partidos da base aliada chegaram a sugerir que a votação fosse adiada por 10 sessões. O PSDB, representado por Carlos Sampaio (SP), sugeriu o adiamento por cinco sessões. Cunha, porém, negou os pedidos. “(Quem quiser adiar) Que apresente o requerimento (de retirada de pauta) e que vote em plenário. Eu, da minha parte, não cedo a nenhum tipo de pressão, de retirada de pauta de ofício”.