O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa – um dos delatores do escândalo de corrupção na estatal – apresentou ontem à Justiça uma petição em que altera o depoimento prestado em 2 de setembro: desta vez, ela nega o superfaturamento nas obras investigadas. De acordo com o documento, os preços praticados seguiam os parâmetros da empresa e o percentual das obras que era desviado para partidos, entre 1% e 3% do valor do contrato, “era retirado da margem (de lucro) das empresas”. A informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O advogado de Costa, João Mestieri, nega que o cliente tenha mudado a versão sobre o preço das obras. “Não é uma mudança de delação. Ele nem poderia fazer isso. Só que isso não foi bem explicado na delação. A comissão era retirada do próprio preço da obra”, argumentou. No documento apresentado ontem, a defesa do ex-diretor da Petrobras cita um exemplo hipotético de como funcionaria o esquema: “Se uma empresa oferecia uma proposta de 15% acima do orçamento básico e repassava os 3%, ela ficava com lucro de 12%, no caso de não repasse, ficaria com um lucro de 15%”.
Costa afirmou ainda que a ex-presidente da estatal, Graça Foster, atuou em duas obras em que houve participação do cartel. São elas os gasodutos de Pilar- Ipojuca, em Pernambuco, e de Urucu-Coari, no Amazonas. Costa disse também que os orçamentos da Petrobras, que devem ser sigilosos, não eram repassados às empreiteiras, ao contrário do que apontam os procuradores da Lava-Jato. As licitações seguiriam a legislação. O dinheiro apreendido na casa dele – US$ 181,5 mil e 10.855 euros –, segundo o ex-diretor, seria legal, e não obtido com suborno, embora não tenha sido declarado à Receita Federal.
O acordo de delação firmado com o doleiro Alberto Yousseff, também pode ser invalidado. Isso porque, em pacto anterior, de 2003, acertado com o juiz federal Sérgio Moro, ele teria mentido e omitido o nome de seu principal cliente, o ex-deputado federal José Janene (PP-PR), réu do mensalão, morto há cinco anos em decorrência de problemas cardíacos.
Com agências