A presença inesperada de cinco roedores – um hamster, dois esquilos-da-mongólia e dois ratos cinzas sem raça aparente – provocou tumulto e correria na reunião de ontem da CPI da Petrobras. Os animais teriam sido levados à sala por Márcio Martins de Oliveira, funcionário de cargo comissionado da segunda-vice-presidência da Câmara, pelo qual recebia salário mensal de R$ 3.020,85. Ontem mesmo, foi assinada a exoneração dele.
Os animais foram soltos por volta das 10h, logo que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entrou no plenário. Agora ex-chefe de Márcio, o deputado federal Giacobo (PR-PR) afirmou ao Estado de Minas que o funcionário negou ser o responsável pela soltura dos ratos. “Ele já disse que não foi ele, mas, se foi, foi uma atitude isolada dele e terá que arcar com as consequências”, disse o parlamentar, que o empregava há apenas um mês. Antes de trabalhar com Giacobo, ele foi secretário legislativo do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, entre abril de 2014 e 8 de março de 2015.
Os roedores foram apreendidos e levados para o Departamento de Polícia Legislativa da Câmara. O esquilo-da- mongólia é comercializado no Brasil há cerca de 30 anos e é considerado doméstico. A venda do animal – cujo valor é em torno de R$ 30 – só é autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) em criadouros e lojas especializadas. A estimativa de vida é de 4 a 5 anos. Já o hamster e os ratos são comercializados por valores entre R$ 10 e R$ 20.
Dois deputados integrantes da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, Ricardo Izar (PSD-SP) e Laudívio Carvalho (PMDB-MG) solicitaram a guarda dos roedores. Apenas o hamster aparentava ter sido ferido durante a confusão na CPI. A CPI já requisitou imagens da Câmara para saber como os animais chegaram à Casa. “Não podemos de forma alguma permitir que isso passe em branco”, avisou Valmir Prascidelli (PT-SP). O objetivo é apurar se os ratos foram levados pelo próprio Márcio Oliveira ou se ele estava em conluio com alguém.
Logo depois da confusão, policiais legislativos passaram a barrar a entrada de pessoas não-credenciadas no plenário. Relator da CPI, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) fez o registro de “descontentamento” com a soltura dos ratos e afirmou desconfiar de uma “ação encomendada”. “O circo armado mostra o nível em que nos encontramos” , reclamou. (Com agências)