Operação Lava-Jato investiga contratos fraudulentos na Caixa e no Ministério da Saúde

"O roubo promovido por esses crápulas é tão grande que até fica até difícil pra PF estimular um valor aproximado do roubo", disse o delegado José Rodrigues de Abreu

Coletiva à imprensa de agentes da Polícia Federal nesta sexta-feira para explicar as investigações da 11ª fase da Operação Lava-Jato - Foto: Reprodução/TV

Contratos de publicidade da Caixa e do Ministério da Saúde, assinados entre 2010 e 2014, estão sendo investigados na11ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Federal. A informação foi revelada hoje durante coletiva á imprensa de agentes da PF, em Curitiba, no Paraná. A PF informou que ainda não foi apurado o valor total da fraude."O roubo promovido por esses crápulas é tão grande que até fica até difícil pra PF estimular um valor aproximado do roubo", disse o delegado José Rodrigues de Abreu

Na operação de hoje, foram presos os ex-deputados André Vargas, que teve o mandato cassado e foi expulso do PT,  Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa, que já cumpre prisão em regime semiaberto pelo mensalão do PT, suspeitos de envolvimento na fraude. O juiz responsável pela Operação Lava-Jato, Sérgio Moro,  solicitou ao Supremo Tribunal Federal  (STF) que a prisão preventiva de Corrêa, decretada em função da operação deflagrada hoje, batizada de Origem, seja cumprida com a transferência do ex-parlamentar para a sede da PF em Curitiba.

Também foram presos a secretária de Argôlo, Helia Santos, e Ricardo Hoffman, diretor de uma agência de publicidade. Além destes, foram detidos o irmão de André Vargas, Leon Vargas, e  Ivan Vernon da Silva Torres. Na operação desta manhã foi decretado também o sequestro de um imóvel de alto padrão na cidade de Londrina, no Paraná, onde o doleiro Alberto Youssef começou sua atuação.

Fraudes

Esta fase da operação investiga fraudes já conhecidas que envolvem repasses de valores de contratos de publicidade no Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal a empresas ligadas a agentes políticos.

Em dois casos, duas empresas tinham como sócios o ex-deputado André Vargas (sem partido) e um irmão dele, Leon Vargas, ambos presos nesta manhã. Segundo a força-tarefa, cerca de 10% dos valores dos contratos eram desviados.
Segundo as autoridades, no entanto, ainda é cedo para afirmar a relação de contratos da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde com as fraudes investigadas na Petrobras.

Os contratos investigados são do período entre 2010 e 2014 e alguns ainda estão vigentes. Durante a coletiva, os policiais informaram ainda que há uma série de outros fatos irregulares, além desses contratos. Eles citaram tráfico de influência para contrato de fornecimento de medicamentos do laboratório Labogen ao Ministério da Saúde.

Entre as irregularidades identificadas nas investigações, foram identificados ainda pagamentos ao ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) e a pessoas relacionadas a ele. O ex-parlamentar foi condenado no processo do mensalão e está cumprindo pena em um presídio em Pernambuco.
 
Ex-deputado

No caso do ex-deputado André Vargas (sem partido), a relação entre o ex-parlamentar e o doleiro Alberto Youssef, um dos principais alvos da operação e acusado de liderar um esquema de lavagem de dinheiro internacional, veio a tona desde o começo das investigações. A PF interceptou contatos entre o doleiro e o deputado - 270 mensagens de texto trocadas pelo aparelho BlackBerry, entre 19 de setembro de 2013 e 12 de março de 2014.

A suspeita é de que Vargas trabalhava em favor da rede articulada pelo doleiro, tendo inclusive feito lobby para o laboratório Labogen, de Leonardo Meirelles outro réu da Lava-Jato, no Ministério da Saúde. Além disso, o parlamentar chegou a viajar de férias com a família em um jatinho fretado pelo doleiro em 2013.

O caso levou Vargas a ter o mandato cassado em dezembro do ano passado e também ser expulso do PT.

Com Agência Estado
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