Duas empresas investigadas na 11ª fase da Operação Lava Jato, batizada de "A Origem", receberam do governo federal ao menos R$ 153 milhões desde 2011, de acordo com dados disponíveis na decisão de prisão decretada pela Justiça e no Portal da Transparência. Desse total, R$ 50 milhões foram repassados pela Caixa Econômica Federal à IT7 Sistemas, do segmento de tecnologia da informação, e os outros R$ 103 milhões foram pagos pelo Ministério da Saúde à agência de publicidade Broghi Lowe.
A Polícia Federal e o Ministério Público suspeitam que contratos firmados por essas duas empresas com órgãos públicos tenham sido usados para desviar recursos públicos para o ex-deputado federal André Vargas (sem partido-PR), ex-petista. Até agora, a força-tarefa citou contratos de publicidade envolvendo o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Federal, em que a fatia desviada era da ordem de 10% para cada contrato. Entre as empresas suspeitas de integrar esse esquema estão companhias de agentes políticos. Vargas e outros dois ex-deputados foram detidos pela PF nesta sexta-feira: Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), este último condenado pelo julgamento do mensalão. Vargas foi expulso do PT no ano passado e teve seu mandato cassado em dezembro, após o surgimento de seu nome em meio aos escândalos envolvendo a Petrobras. Já o partido Solidariedade, ao qual Argôlo é filiado, suspendeu hoje o vínculo do ex-parlamentar com a sigla.
Além do contrato com a Caixa, segundo Moro, a IT7 mantém ainda contratos com diversas entidades públicas, como o Serviço Federal de Processamento de dados (SERPRO), Celepar e CCEE. A PF e o MP investigam também se essas empresas estão ligadas ao esquema de desvio de recursos públicos.
Outro lado
Procurados, a Caixa e o Ministério da Saúde afirmaram à reportagem que deram início a uma apuração interna logo após terem sido citados pela Operação da PF na manhã desta sexta-feira. "A Caixa reitera que vai colaborar integralmente com as investigações e informa que encaminhará imediatamente todos os contratos relacionados às empresas citadas à Controladoria-Geral da União, à Polícia Federal e ao Ministério Público", afirmou, em nota, o banco estatal.
"O Ministério da Saúde está à disposição da Polícia Federal e demais órgãos de controle para quaisquer esclarecimentos sobre os processos da Labogen e da empresa de publicidade", escreveu o ministério em nota.