No decreto de prisão, consta que o ex-deputado recebeu valores ilícitos do doleiro Alberto Youssef mesmo quando estava sob julgamento no Supremo Tribunal Federal no processo do Mensalão. Ele teria usado contas da nora, de ex-assessores e de um funcionário de sua fazenda para receber recursos desviados da Petrobrás.
Desde sexta-feira, dia 10, o advogado Clóvis Corrêa Filho, primo de Pedro Corrêa, tem dito a jornalistas que o aconselhou a fazer delação premiada porque ele "sabe de muita coisa" e que tinha que "contar tudinho".
O filho do ex-deputado negou que o pai tenha essa intenção. "Tio Clóvis, no afã de ajudar o primo dele, fala muita coisa. Papai não tem nenhuma intenção. Ele não vai fazer delação hora nenhuma porque não tem nada para delatar. Quem delta é quem é culpado", disse Fábio à Agência Estado.
Em nota divulgada na manhã de hoje, o advogado de Pedro Corrêa, Michel Saliba, também negou a intenção de firmar acordo de delação premiada. "A declaração do advogado Clóvis Corrêa, primo de Pedro Corrêa, não reflete o pensamento deste, quer em relação à robustez das provas, eis que Clóvis sequer teve acesso aos autos, bem como - e principalmente - em relação à possível prática de delação premiada, algo sequer cogitado pelo ex-parlamentar, que afirma ter agido nos limites legais", disse, em nota, o escritório Saliba Oliveira & Advogados Associados, que defende Pedro Corrêa.
Condenado no mensalão, Pedro Corrêa cumpre pena na penitenciária de Canhotinho, a 210 quilômetros do Recife (PE).
Fábio disse que apenas sua mãe e sua irmã estiveram com o pai desde a última sexta-feira, mas que elas não relataram como o ex-deputado se encontrava.
Moro
Além de alegar a inocência do pai, Fábio criticou a decisão de Moro de mandar prender o ex-deputado, que, condenado em 2012, cumpre pena desde dezembro de 2013. O juiz federal determinou a transferência de Corrêa para Curitiba (PR), capital em que se concentra a Operação Lava Jato.
"Ele já está preso. Não tinha necessidade (de novo mandado de prisão). É o Sérgio Moro querendo aparecer. Qual a necessidade? Prisão preventiva para prevenir o quê? Ele (Moro) gosta de aparecer na mídia. Ele é o todo poderoso juiz Sérgio Moro. Pega uma pessoa que já está presa, tira de um canto e bota no outro com o dinheiro do Estado. Quem vai pagar é o contribuinte", disse Fábio, salientando que o pai tem 67 anos, é diabético e hipertenso.
O filho de Corrêa também já fez críticas ao juiz Luiz Rocha, da 1ª Vara de Execuções Penais de Pernambuco, por não conceder progressão de regime ao ex-deputado na pena do Mensalão. Corrêa está em regime semiaberto e trabalhava em uma clínica de radiologia no interior do Estado. Segundo o filho, desde fevereiro, o ex-deputado "fica o dia todo dentro do presídio". Alegando perseguição por parte de Luiz Rocha, Fábio chegou a cogitar pedir para que o pai fosse transferido para Brasília. (Colaborou Murilo Rodrigues Alves).