Em São Paulo, manifestação termina de forma pacífica e reúne 275 mil

Protestos contra o governo e contra o corrupção reuniram, no auge da manifestação, na Avenida Paulista, 275 mil pessoas segundo a Polícia Militar de São Paulo - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A manifestação contra o governo e a corrupção ocorrida em São Paulo começou a se dispersar pouco depois das 18h. No final da tarte, em seu perfil na rede social Twitter, a Polícia Militar (PM) divulgou que, às 16h, os protestos na Avenida Paulista reuniram 275 mil pessoas. Segundo a PM, o ato ocorreu de forma “absolutamente pacífica”.

O protesto teve início às 14h, porém, ao meio-dia, a PM interrompeu o tráfego na avenida para facilitar a concentração dos manifestantes. O ato reuniu diversos grupos, sendo que parte deles pedia a saída da presidenta Dilma Rousseff. Alguns chegaram a pedir intervenção militar. Em uma reunião com a PM, foram determinados pontos fixos para os carros de som dos diferentes movimentos.

Foram montadas ainda tendas, pelo partido Solidariedade, para a coleta de assinaturas de apoio a um pedido de impeachment da presidenta. Um grupo de caminhoneiros da Grande São Paulo estacionou na Rua da Consolação em apoio ao protesto.

Protestos contra o governo e contra o corrupção reuniram, no auge da manifestação, na Avenida Paulista, 275 mil pessoas segundo a Polícia Militar de São Paulo - Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilAndré Araújo, de 34 anos, foi ao ato deste domingo porque considera a condição atual do país inaceitável e enumerou como principais problemas a corrupção, a má gestão, o desperdício dos recursos públicos, o aumento dos impostos, a inflação e o que ele considera uma má condução da economia.

“A manifestação é uma maneira da população se expressar e isso ecoar para outras pessoas.
Isso tem uma repercussão na mídia, nas cidades do interior, para as pessoas que também compartilham dessa opinião”.

A aposentada Julia Maria, de 78 anos, manifestou-se contra a corrupção e defendendo mais oferta de serviços públicos que atendam às necessidades do povo. “Eu não tenho saúde, não tenho educação, não tenho segurança, não tenho nada. Não tem nada de satisfatório. É péssimo em todos os setores, federais, estaduais e municipais”, disse. Julia pediu que o governo invista em educação e cultura, principalmente.

Marta Matos, de 52 anos, também está insatisfeita com os serviços públicos e a corrupção e disse que o governo precisa respeitar a população e trabalhar pelo povo. “Não quero ‘Fora Dilma’, não quero impeachment, só quero que tenham vergonha na cara e comecem a agir como políticos que eles são”, disse.

Marta estava ao lado do marido, Paulo Matos, de 54 anos. Para ele, a corrupção é a questão mais preocupante no país atualmente. “A ansiedade e expectativa por mudança me trouxe para cá, não podemos ficar aguardando as coisas acontecerem. Temos que ser mais politizados e tentar mudar de alguma forma essa situação”, ressaltou.

O movimento SOS Forças Armadas, que defende a intervenção militar, teve a menor adesão entre as organizações que protestaram na Avenida Paulista na tarde de hoje. Em reunião com a Polícia Militar, os grupos que convocaram a manifestação definiram lugares fixos para os carros de som. Antes, o Movimento Brasil Livre chegou a acionar a Justiça para que os grupos que defendiam a intervenção militar mantivessem distância do carro de som do movimento. Com o acordo, cada grupo ficou com um espaço definido, e o Brasil Livre desistiu da demanda judicial.

Na opinião de um dos organizadores do SOS Forças Militares, Mauro Guimarães, a rejeição dos outros movimentos em relação ao grupo é fruto de preconceito. Segundo Guimarães, que é professor de inglês e já serviu o Exército, a reivindicação do movimento é baseada no Artigo 142 da Constituição.

Esse trecho da Carta Magna determina as atribuições e o funcionamento das Forças Armadas.
Guimarães, no entanto, acrescenta, por conta própria, uma suposta previsão de intervenção militar ao texto constitucional. “A intervenção militar é quando o povo pede”, diz para tentar diferenciar a intervenção de golpe militar, como o que levou à ditadura iniciada em 1964 e que durou até 1985.

No período, o Estado brasileiro restringiu as liberdades individuais e praticou violações dos direitos humanos. A imprensa foi censurada e a liberdade de expressão suprimida. A tortura foi usada nos interrogatórios dos opositores do regime.

Pelo menos 434 pessoas foram mortas ou desapareceram por ação dos agentes da repressão. Mas, segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o número não leva em conta os camponeses e indígenas que também sofreram com as ações dos agentes da ditadura. A identificação dessas pessoas deverá aumentar o número de vítimas da ditadura..