Depois de avaliar que usou uma estratégia errada ao lidar com as manifestações de 15 de março, levando o problema para dentro do Palácio do Planalto, o governo, desta vez, preferiu evitar se expor, preservando, assim a presidente Dilma Rousseff. Ao contrário das seguidas entrevistas convocadas no mês passado, que tentavam justificar o monumental e inédito protesto contra o governo, desta vez a reação oficial coube ao vice-presidente Michel Temer, novo articulador político. "Éfundamental que o governo compreenda que há necessidade de dialogar e ouvir mais", disse Temer. Para ele, "o governo tem de continuar trabalhando muito" pata atender as reivindicações.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, endossou a fala de Temer dizendo que o governo "está atento" à pauta das manifestações. "Eu penso que, independentemente do seu tamanho, as manifestações devem ser consideradas e reconhecidas", afirmou. Para Edinho, o governo federal agora "capitaliza o descontentamento com a forma como foi organizado o sistema político", embora considere os protestos "naturais" e "legítimos". Questionado sobre as palavras de ordem Fora Dilma, Fora PT, Silva garantiu que o governo está combatendo a corrupção e argumentou que existe um processo de fortalecimento das instituições para assegurar a eficiência das investigações. Apesar de tratar o tema com mais humildade, o Palácio do Planalto ficou muito preocupado, com o tamanho das manifestações em todo o País. Ainda mais que as manifestações vêm no rastro da última pesquisa, que mostra que Dilma continua com apenas 13% da população achando que seu governo é ótimo ou bom, o que é muito baixo, e que 63% apoiam o impeachment. Um dos interlocutores da presidente Dilma, ouvidos pela reportagem, fez questão de destacar que, não é porque as pessoas ficaram em casa e não foram para as ruas que houve melhoria em relação à situação do governo, que não houve.
Mesmo um pouco aliviados com a redução dos protestos neste domingo, interlocutores da presidente reconhecem que não há motivo para comemoração porque os números das pesquisas não são nada favoráveis, disse um integrante da coordenação política do governo.
A presidente Dilma Rousseff retornou à Brasília, às 2h40 da madrugada de domingo, depois de participar na Cidade do Panamá, da Cúpula das Américas, e passou o dia no Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Dilma foi informada pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante durante todo o dia. Cardozo chegou a dar expediente em seu gabinete na Esplanada e pode assistir da janela de seu gabinete, no Ministério da Justiça, os protestos que aconteciam na rampa do Congresso.
Coordenação
Na manhã desta segunda-feira, 13, a partir das nove horas, no Planalto, a presidente Dilma receberá o vice-presidente Michel Temer, para uma reunião de coordenação política, junto com os demais ministros integrantes deste grupo, quando será feita uma avaliação interna das manifestações. A semana no Congresso também entrará na pauta. Até a noite deste domingo, não há previsão de novas movimentações de Dilma para responder aos protestos, como aconteceu em 15 de março. (Colaborou Vera Rosa)