As manifestações contra a corrupção e o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) tomaram ruas, praças e avenidas em 44 municípios do interior de Minas, entre eles cidades-polo, como Uberaba e Uberlândia, no Triângulo, Montes Claros, no Norte, Juiz de Fora, na Zona da Mata, Governador Valadares, na Região Leste, Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, Varginha, no Sul, e Paracatu, no Noroeste. Vestidas de verde e amarelo – em alguns casos, de preto, simbolizando o luto pela situação nacional de crise política e econômica –, gente de todas as gerações carregou faixas, cartazes e bandeiras e procurou inovar nos protestos.
Em Uberlândia, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo a coordenação local do movimento Vem pra Rua, ou 6 mil, conforme a Polícia Militar, “era exatamente meio-dia quando os manifestantes se viraram de costas para Brasília (DF)”, informou o analista de marketing Marco Rodrigo Machado Lara. Ele contou ainda que, “logo em seguida, todos se viraram de frente na direção da capital federal, apontaram o dedo indicador e gritaram ‘Vamos pra Brasília’”. É que a meta dos participantes dos protestos é, agora, seguir rumo ao Distrito Federal e protestar em frente ao Palácio do Planalto.
O ato público em Uberlândia começou às 10h e durou mais de duas horas, seguindo pelas avenidas João Naves de Ávila e Rondon Pacheco, nos bairros Centro e Tibery. “O movimento é totalmente suprapartidário”, explicou Lara, que citou os três itens da pauta, como o pedido de saída da presidente, o Fora Dilma, “por meio de renúncia, cassação ou impeachment”; transparência total na prestação de contas dos empréstimos internacionais, especialmente os feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); e não ao acordo de leniência com empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras. “Somos pela democracia, contra golpe militar e medidas intervencionistas”, resumiu Lara.
As cidades mineiras se dividiram em protestos pela manhã e à tarde. Em Governador Valadares, a concentração ocorreu às 9h, na Praça dos Pioneiros, no Centro, em frente à prefeitura, e reuniu entre 1,2 mil e 1,4 mil pessoas, informou a coordenadora local do Vem pra Rua, a socióloga Patrícia Rocha. Ela disse que o movimento conseguiu patrocínio e mandou confeccionar material (bandanas, banners, cartazes, faixas etc.) para distribuição ao longo da caminhada pela Avenida Minas Gerais.
PALAVRAS DE ORDEM A criatividade dos manifestantes marcou as manifestações. O brado contra a presidente Dilma e a corrupção levou cerca de 1,3 mil pessoas às ruas de Cataguases, na Zona da Mata, de acordo com a engenheira ambiental Beatriz Schofield, do Vem pra Rua local. Três grandes faixas chamaram atenção no protesto. Estava escrito: “Eles não entenderam nada. Vamos repetir. Fora corruptos”; “Fomos roubados, não vamos ficar calados. Fora Dilma”; e “Fora Dilma e leve o PT junto”. “As reivindicações são muito maiores, basta ver o preço dos produtos no supermercado . O PT não tem mais credibilidade para governador o Brasil”, afirmou Beatriz. Diante o prédio da prefeitura, os manifestantes cantaram o Hino Nacional.
No Vale do Aço, Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo também aderiram ao movimento contra a corrupção. Em Coronel Fabriciano, a 198 quilômetros de Belo Horizonte, houve caminhada de 2,5 quilômetros com cerca de 350 pessoas, incluindo aquelas que estavam acompanhando nos carros e motos, disse o coordenador do Vem pra Rua, Maurisson Morais.
INSATISFEITOS Em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 30 pessoas saíram às ruas para protestar contra o governo federal. Os manifestantes começaram a se reunir na Praça Milton Campos por volta das 9h30 e desceram em passeata pela Avenida Governador Valadares até a Praça Tiradentes, no Centro. Vestidos com camisa amarela estampada com a frase: “Chega! – Movimento Vem pra Rua – Betim” o grupo cantou o Hino Nacional e pediu a saída do Partido dos Trabalhadores e da presidente Dilma Rousseff (PT) do poder.
Segundo uma das organizadoras do movimento, a professora Neiri Rangel, o protesto mostra a insatisfação com a política do governo federal. “Nós somos só um braço do movimento que acontece no Brasil. Estamos lutando por um governo com mais moralidade, ética e respeito”, afirmou. Neiri acrescentou ainda que a solução para o país seria a reforma política. Já o auxiliar administrativo Carlos Wherbest pedia a saída da presidente Dilma e de todos os filiados ao PT. Segundo ele, é necessário que o Supremo Tribunal Federal (STF) tome iniciativas para punir os políticos corruptos.