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Estado de Minas

Em BH, o 'Fora, Dilma' teve caminhada da praças da Liberdade até a da Estação

Os protestos contra a presidente em BH não ficaram restritos. Cerca de 5 mil pessoas desceram em passeata até da Região Centro-Sul até o Centro da capital, pedindo o impeachment


postado em 13/04/2015 06:00 / atualizado em 13/04/2015 09:14

Na passeata até a Praça da Estação, os manifestantes tomaram as principais avenidas do Centro. O protesto, que ocorreu em clima pacífico, reuniu pessoas de todas as idades(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Na passeata até a Praça da Estação, os manifestantes tomaram as principais avenidas do Centro. O protesto, que ocorreu em clima pacífico, reuniu pessoas de todas as idades (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

A segunda rodada de manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) levou ontem milhares de mineiros à Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, pedindo, entre outras demandas, o impeachment da petista e a implementação de leis mais rigorosas para a punição de políticos corruptos no Brasil. Durante toda a manhã e início da tarde, eles levantaram bandeiras, cantaram o hino nacional e gritaram “Fora, PT”. Na capital mineira, segundo a Polícia Militar, 5 mil pessoas participaram do ato. De acordo com os organizadores, foram 20 mil. O grupo começou a concentração às 9h na Praça da Liberdade e, ao meio-dia, fizeram uma passeata até a Praça da Estação, onde o movimento se encerrou, às 14h. O protesto ocorreu em clima pacífico e reuniu várias gerações, que foram mais uma vez às ruas demonstrar insatisfação com o cenário político brasileiro.

As faixas afixadas no coreto da praça já dava davam uma dimensão da diversidade de demandas. Além de “demitir os corruptos do PT”, quem foi ao protesto pediu auditoria nos bancos do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal e até da urna eletrônica. Nos carros de som, os manifestantes bradaram contra um suposto conchavo dos países latino-americanos para instaurar o comunismo no Brasil. “Estamos aqui para gritar contra esse bolivarianismo”, dizia um dos líderes ao microfone. Houve também uma pequena turma que pediu intervenção militar.

Um grupo de manifestantes se organizou para colher assinaturas em defesa de um projeto de lei de iniciativa popular que transforma a corrupção em crime inafiançável, proposta que teve grande adesão. Uma fila imensa para a assinar o texto se formou próximo ao coreto. Quem também aproveitou para colher assinaturas foram os integrantes do Partido Militar Brasileiro (PMB), que esperam com elas regularizar a legenda junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda este ano. Apesar do nome, os organizadores do partido em Minas afirmaram ser contra a intervenção militar ou mesmo o impeachment da presidente Dilma. “Nosso objetivo é o combate à corrupção e às políticas de aproximação com regimes comunistas, como Cuba e Venezuela”, afirmou o advogado Rafael Campos de Oliveira, 32 anos.

Para o consultor François Moreau, de 57 anos, que levou seu filho Lucas, de 7, para a Praça da Liberdade, o Brasil vive um momento importante em sua história política e as manifestações de rua servem como aprendizado para as novas gerações. “Temos questões essenciais no debate político atual e que as pessoas querem respostas. Por exemplo, as doações de campanha à presidente tiveram ligações com atos de subornos e pagamentos de propinas?”, questionou o consultor. François fez questão de levar o filho dessa vez “para que ele entenda a importância de uma população mobilizada e ativa na vida política de seu país.”

O casal Elisa e José Geraldo compareceu à praça dizendo querer o melhor para o Brasil. “Foram 12 anos de retrocesso total. Tenho saudade de quando as crises do Itamar (ex-presidente Itamar Franco) eram por causa de uma mulher sem calcinha ou de um fusquinha. Agora a coisa mais leve que temos é gente roubando R$ 1 bilhão”, desabafou o engenheiro José Geraldo, que levou também os cachorros Duque e Pretinha com bandanas do Brasil. Sobrou até para o governador Fernando Pimentel (PT). A professora da rede estadual Lia Costa, 40 anos, que diz ganhar um salário líquido de R$ 1.517, empunhou um cartaz perguntando ao petista cadê o aumento da categoria prometido em campanha. “Até agora nada”, afirmou. Mas Lia esteve no protesto também contra Dilma e o PT.

Assim como na manifestação de 15 de março, ao deixar a Praça, os manifestantes usaram as grades do Palácio da Liberdade como espaço para colar cartazes e faixas usadas durante o protesto. Pouco depois de 13h, as grades da frente e nas laterais da sede do governo mineiro estavam praticamente tomadas com cartazes que pediam o impeachment de Dilma.

CAMINHADA Os carros de som, contratados pelos organizadores dos movimentos Vem Pra Rua, Patriotas, Basta e Brasil Livre tocaram o hino nacional e músicas que se tornaram trilhas de protestos, como Que País é Este, do Legião Urbana, e Brasil, mostra sua cara, de Cazuza. Durante a passeata, que começou na Rua Gonçalves Dias, os manifestantes convocaram moradores dos prédios para se juntar ao protestos. Alguns penduraram bandeiras do Brasil nas janelas dos apartamentos e aplaudiram os manifestantes, que respondiam festivamente. Outros, porém, colocaram bandeiras e camisas vermelhas nas sacadas, em defesa da presidente Dilma e foram hostilizados enquanto a passeata atravessou o Centro. “A nossa bandeira jamais será vermelha”, respondiam os manifestantes, que também gritavam “pula” e os chamavam de “bandidos”.

Os primeiros manifestantes que atravessaram o cruzamento da Espírito Santo com Timbiras e Álvares Cabral, na Região Central da capital mineira, enfrentaram a ira de uma moradora de rua que vive sob a marquise daquela esquina. Cercada com seus 16 cães, ela tapava os olhos dizendo não acreditar no que estava presenciando. Raivosa, fez seu protesto particular: abaixou a calça e mostrou ao grupo que descia a Espírito Santo.

“Estou aqui como pai de família, lutando contra essa falta de segurança em que vivemos, essa completa incompetência que só defende a minoria”, criticou o empresário Reinaldo Quintela. Insatisfeito com os rumos da gestão do Cefet-MG, o conselheiro da instituição incorporou um personagem durante a manifestação. Com uma máscara de burro, levantou a placa “Votei nela, sou burro, mas amo o Brasil. Adeus PT. Fora, Dilma”.

Para o vendedor ambulante Roberto Peixoto a satisfação ou não com o governo ficou em segundo plano. Ele nem é contra a atual administração, mas não queria desperdiçar a chance de faturar alguns trocados. Na semana passada dedicou o tempo para produção de 1,2 mil faixas amarelas, gravadas “Fora, Dilma” em brocal verde. Vendeu cada uma a R$ 5. “Espero faturar um pouco”, disse.

Políticos

Apesar do caráter apartidário, alguns políticos participaram do protesto. Durante toda a manhã houve expectativa de que o senador Aécio Neves (PSDB), que estava na capital mineira, comparecesse à manifestação. Aliados não confirmavam nem desmentiam a informação. Quase ao final do ato, no entanto, a assessoria dele disse que o tucano não iria. O presidente estadual do PSDB, deputado Marcus Pestana, que estava na praça, disse que as oposições a Dilma devem dialogar com os grupos que se organizaram para ir às ruas. “Queremos abrir um canal de diálogo com esses movimentos, mas não como o PT faz, com objetivo de aparelhar e controlar movimentos sociais, como fez com a CUT e o MST, e sim discutir as propostas para um país melhor”, disse o tucano. A presidente do PPS de Minas Gerais, Luzia Ferreira, disse que seu partido quer a apuração dos crimes de corrupção e punição dos culpados. “O fato mais relevante é ver as pessoas nas ruas dando um basta. Isso mostra o amadurecimento da nossa democracia”, avaliou.

 

 


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