O governo federal deixou de pagar as parcelas do auxílio-moradia para os servidores do exterior desde fevereiro. O atraso é recorrente. No segundo semestre do ano passado, os funcionários do chamado serviço exterior - que inclui diplomatas, assistentes e oficiais de chancelaria - ficaram também três meses sem receber depois que o orçamento do Itamaraty para o ano acabou. Uma suplementação orçamentária havia sido autorizada pelo Congresso em outubro, mas a presidente Dilma Rousseff só assinou a liberação em novembro.
Desta vez, a falta de pagamento é devido ao atraso na aprovação do orçamento, que ocorreu há apenas duas semanas. Até ali, os ministérios estavam recebendo apenas 1/18 dos recursos para o ano, em vez dos tradicionais 1/12 autorizados normalmente, o que fez com que o Ministério das Relações Exteriores começasse a atrasar suas contas. Uma liberação extra, de R$ 39 milhões, foi feita em fevereiro, mas os recursos não chegaram para o auxílio-moradia.
O atraso atinge cerca de 2 mil servidores em 227 postos em todo o mundo, já que a suplementação é paga a todos os funcionários que são deslocados do Brasil para o serviço no exterior. Em alguns casos, o pagamento do aluguel chega a representar 70% do salário, especialmente em cidades muito caras, como Luanda, em Angola, ou Londres.
Desde que assumiram o ministério, o ministro Mauro Vieira e o secretário-geral, Sérgio Danese, vêm tentando resolver os problemas de caixa do Itamaraty em diversas reuniões com os ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Em resposta a uma consulta da reportagem, o Sinditamaraty confirmou por e-mail o atraso e a falta de perspectiva. "O contingenciamento do orçamento do Itamaraty pela PR (Presidência) e pelo MPOG (Ministério do Planejamento) é a explicação oficial pelos crônicos e cada vez maiores atrasos no pagamento da indenização devida aos funcionários em missão permanente no exterior. Infelizmente, não existe perspectiva concreta para a regularização da situação", diz o texto.
Nesta segunda-feira, 13, o sindicato apresentou o resultado de uma assembleia feita eletronicamente. Pouco menos de 400 servidores responderam e quase 90% optaram pela greve se a situação não for regularizada até o dia 6 de maio, quando deveria ser paga mais uma parcela do auxílio-moradia. O resultado da assembleia será levado ao ministro..