Nesta quarta feira, a Polícia Federal prendeu o tesoureiro do PT e fez buscas na residência de Marice, que também tem contra si decreto de prisão temporária. Ela ainda não foi localizada. Os investigadores acreditam que Marice irá se apresentar.
O negócio realizado por Marice, em 2012, é referente a um apartamento da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), emblemática entidade fundada por um núcleo do PT nos anos 1990.
Rastreamento bancário e fiscal mostra que a cunhada de João Vaccari Neto comprou em 2011 o apartamento 45 do edifício Navio-Mar Cantábrico no Guarujá, litoral de São Paulo. Pagou, na ocasião, R$ 200 mil, segundo sua própria declaração ao Imposto de Renda. No ano seguinte, porém, segundo a declaração de 2013, ela vendeu o imóvel para a empreiteira OAS por R$ 432 mil.
"Ou seja, em pouco mais de um ano obteve um lucro de mais de 100% sobre o valor investido no bem, revendendo com lucro para a própria incorporadora que assumiu a obra, o que, naturalmente, não é razoável", assinala relatório do Ministério Público Federal.
A Bancoop é alvo de uma longa sucessão de ações movidas por cooperados que alegam ter comprado unidades habitacionais, mas até hoje não receberam as chaves. Eles sustentam que a Bancoop repassou a construção dos prédios para a OAS e que a empreiteira cobrou valores superiores aos ajustados na origem dos negócios.
A OAS é alvo da Lava-Jato porque teria integrado o cartel que se instalou na Petrobrás para esquema de propinas destinadas a ex-dirigentes da estatal e a deputados, senadores, governadores e ex-políticos.
Supostamente com a diferença da compra e venda do apartamento no Guarujá a cunhada do tesoureiro do PT teria adquirido outro imóvel por R$ 91 mil de entrada e concedido empréstimo para Nayara Vaccari, filha de Giselda Rousie de Lima e João Vaccari Neto, de R$ 345 mil. "Nesse mesmo ano calendário de 2013 há fortes indícios de movimentação financeira incompatível, entre os meses de setembro de outro, junto ao Banco do Brasil", assinalam os investigadores.
A força-tarefa constatou que, naquele mesmo ano, de acordo com dados do registro de imóveis, a OAS vendeu em 2014 um apartamento igual, unidade 44-A do Edifício Salinas (Condomínio Solaris), por R$ 337 mil, "valor muito abaixo do que foi pago a Marice Correa de Lima, o que reforça o caráter fraudulento da operação"..