A cunhada do tesoureiro do PT fez um excelente negócio imobiliário com a empreiteira OAS - alvo da Operação Lava-Jato - e lucrou 100% em um breve espaço de tempo, apontam investigadores da força-tarefa que desmantelou esquema de corrupção na Petrobras. Os investigadores falam em "caráter fraudulento da operação" realizada por Marice Correa de Lima, a cunhada de João Vaccari Neto. Eles suspeitam que o negócio "serviu para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos, tratando-se de possível vantagem indevida paga pela OAS a João Vaccari Neto".
Nesta quarta feira, a Polícia Federal prendeu o tesoureiro do PT e fez buscas na residência de Marice, que também tem contra si decreto de prisão temporária. Ela ainda não foi localizada. Os investigadores acreditam que Marice irá se apresentar.
O negócio realizado por Marice, em 2012, é referente a um apartamento da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), emblemática entidade fundada por um núcleo do PT nos anos 1990.
"Ou seja, em pouco mais de um ano obteve um lucro de mais de 100% sobre o valor investido no bem, revendendo com lucro para a própria incorporadora que assumiu a obra, o que, naturalmente, não é razoável", assinala relatório do Ministério Público Federal.
A Bancoop é alvo de uma longa sucessão de ações movidas por cooperados que alegam ter comprado unidades habitacionais, mas até hoje não receberam as chaves. Eles sustentam que a Bancoop repassou a construção dos prédios para a OAS e que a empreiteira cobrou valores superiores aos ajustados na origem dos negócios.
A OAS é alvo da Lava-Jato porque teria integrado o cartel que se instalou na Petrobrás para esquema de propinas destinadas a ex-dirigentes da estatal e a deputados, senadores, governadores e ex-políticos. A Lava-Jato mostra que Vaccari e a OAS mantém ligações muito próximas. O tesoureiro do PT teria arrecadado até US$ 200 milhões em propinas para o PT - uma parte pode ter saído do caixa da OAS.
Supostamente com a diferença da compra e venda do apartamento no Guarujá a cunhada do tesoureiro do PT teria adquirido outro imóvel por R$ 91 mil de entrada e concedido empréstimo para Nayara Vaccari, filha de Giselda Rousie de Lima e João Vaccari Neto, de R$ 345 mil. "Nesse mesmo ano calendário de 2013 há fortes indícios de movimentação financeira incompatível, entre os meses de setembro de outro, junto ao Banco do Brasil", assinalam os investigadores.
A força-tarefa constatou que, naquele mesmo ano, de acordo com dados do registro de imóveis, a OAS vendeu em 2014 um apartamento igual, unidade 44-A do Edifício Salinas (Condomínio Solaris), por R$ 337 mil, "valor muito abaixo do que foi pago a Marice Correa de Lima, o que reforça o caráter fraudulento da operação".