O Ministério Público Federal aponta, na fundamentação do pedido de prisão preventiva do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que as doações feitas ao Partido dos Trabalhadores durante as eleições do ano passado, possivelmente, estão contaminadas pelo esquema criminoso. A força-tarefa da Lava-Jato mostra que “ao menos parte das doações de 2014 das empresas investigadas na operação seriam, na realidade, pagamento de vantagem indevida."
Os procuradores se baseiam na delação premiada dos delatores Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, e Augusto Mendonça, executivo da Setal. “Eduardo Leite afirmou que João Vaccari solicitou propina para o PT por meio de doações oficiais da Camargo Correa. Atente-se que a empreiteira de fato doou na campanha de 2014 cerca de R$ 35 milhões ao PT, não podendo ser descartada a hipótese que tal doação se referia ao pagamento de propina”.
“Já temos uma denúncia de doações oficiais que, na verdade, escondem operações de lavagem de dinheiro relativas a valores da corrupção da Petrobras. Nós verificamos que ele tem uma trajetória desse tipo de operação desde 2004. Diante disso, de uma reiteração de conduta que vem desde 2004 até pelo menos 2014, nós acreditamos necessária a prisão de Vaccari”, justificou o procurador da República Carlos Fernando de Lima.Vaccari já havia sido acusado por vários delatores de ser operador do PT para desviar dinheiro na Diretoria de Engenharia da Petrobras.
Também é réu em uma ação criminal do caso. Já foi denunciado em 2010 por desvios na cooperativa habitacional dos bancários (Bancoop). Segundo o delegado da PF Igor Romário de Paula, o motivo da prisão de Vaccari hoje é a continuidade criminosa do tesoureiro, identificada de 2004 a até pelo menos 2014. “A característica da situação dele é bem clara e até em tom de desafio à Justiça”, afirmou o policial. Para os investigadores, o tesoureiro mantém o hábito de fazer operações financeiras suspeitas usando contas correntes de parentes.