Brasília, 18 - Parlamentares da CPI da Petrobras querem convocar o ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci após a revelação de que ele teria recebido R$ 12 milhões de empresas em 2010, quando coordenou a campanha presidencial de Dilma Rousseff, segundo reportagem da revista Época. Entre as empresas das quais o petista recebeu pagamentos, mas não conseguiu comprovar o serviço de consultoria, segundo a Época, estão o supermercado Pão de Açúcar, através do escritório do criminalista Márcio Thomaz Bastos, a empresa do setor frigorífico JBS e a concessionária Caoa, que negam a contratação.
Outro foco da oposição é o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Já foram apresentados pedidos de convocação de Dirceu, além da quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário do petista e de sua empresa a JD Consultoria. Os oposicionistas acreditam que foram montadas consultorias de fachada a empreiteiras envolvidas no esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.
"Percebe-se, com o avançar das investigações do 'Petrolão', que a engenharia usada por estes ex-ministros é muito parecida: montam-se consultorias para fechar contratos com grandes empresas, o pagamento é feito pelos empresários e o produto que se entrega são benesses do governo (licitações milionárias, parcerias em obras federais e empréstimos oficiais). E, lógico, isso não seria intermediado se estes consultores não tivessem trânsito livre no Palácio do Planalto", disse a deputada em nota.
BNDES
Para o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), as acusações fortalecem também a criação da CPI do BNDES, já que o banco emprestou dinheiro para a JBS. A oposição protocolou requerimento de instalação na última quinta-feira, 16, e agora aguarda que a comissão seja aprovada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Onde você quiser viabilizar um processo de investigação é cabível porque, na prática, o exercício dele de influência no governo em nome do Partido dos Trabalhadores, ao que parece, foi pleno em várias áreas, (como) BNDES, Petrobras. Um sujeito só pode agir como ele agiu com respaldo do partido, de figuras importantes no partido", afirmou o líder.
Para Mendonça, a denúncia "mostra claramente que o petismo construiu um enredo de entrelaçamento entre os interesses do partido e a organização do Estado brasileiro, que, infelizmente, foi dominado por interesses suspeitos, muitas vezes escusos".
O líder do DEM também questiona a campanha presidencial petista, que, segundo delações premiadas feitas no âmbito da Operação Lava Jato, foi beneficiada com recursos oriundos do pagamento de propina do esquema de corrupção na Petrobras. "É uma campanha cada vez mais posta em xeque e questionada em termos de procedimento de ação do partido dela (Dilma) e das pessoas que representaram ela na campanha política", afirmou o deputado.