Brasília, 20 - Pela primeira vez desde o início dos trabalhos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras ouvirá nesta semana o depoimento de um empreiteiro envolvido na Operação Lava Jato. Após uma série de oitivas com ex-dirigentes e atuais representantes da estatal, Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, deve ser pressionado na próxima quinta-feira, 23, por membros da CPI a fazer novas revelações.
O primeiro executivo a ser convocado pela comissão foi Julio Faerman, da SBM Offshore, mas ele não foi localizado até o momento. Mendonça Neto seria ouvido no dia 14 deste mês, mas pediu o adiamento do depoimento em virtude de outras audiências marcadas para a mesma data. O executivo da Toyo Setal deve ser acompanhado pela advogada Beatriz Catta Preta.
Estão no radar da CPI o ex-presidente da Camargo Corrêa Antonio Carlos Miguel e o atual diretor de óleo e gás da empresa, Paulo Augusto Santos Silva. Hoje, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), informou que vai sugerir a convocação dos executivos que teriam participado do pagamento de propina. "As delações feitas por Dalton Avancini e de Eduardo Leite, pessoas da alta cúpula da Camargo Corrêa, evidenciam a complexidade do envolvimento das empreiteiras nesse negócio sujo que assaltou os cofres da Petrobras. A CPI tem o dever de investigar todos aqueles que forem citados e considerados suspeitos", declarou a parlamentar por meio de nota à imprensa.
Agenda externa
Na sexta-feira, 24, oito parlamentares se deslocarão até Curitiba, onde está prevista uma reunião de trabalho com o juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, para tratar do compartilhamento das informações sobre as investigações em curso. Deve participar do encontro o secretário de Segurança do Paraná, Fernando Francischini, responsável pela viabilização da oitiva dos convocados pela CPI que estão presos no sistema carcerário do Estado.
Em ofício encaminhado nesta segunda-feira à comissão, Moro pede que os depoimentos dos investigados aos parlamentares não coincidam com as datas das audiências na Justiça Federal. O magistrado explica ainda que não será possível imprimir cópias dos investigações ou encaminhar os documentos via arquivo de mídia devido ao grande volume de páginas dos inquéritos. Ele sugere o cadastro de dois ou três funcionários designados pela CPI para que o acesso às informações seja feito via internet, como já aconteceu anteriormente em outras comissões de investigação.