Um dos principais interlocutores é o ministro petebista Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), para quem não seria o melhor momento para discutir a questão. A legenda, que se diz independente, não reconhece o ministério como de sua cota.
Em outra frente, o governo tenta convencer a ala governista do PTB a se manter ao menos independente, mediante manutenção de cargos já sob seu controle no segundo escalão. Na semana passada, o vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, prometeu manter sob comando da bancada petebista a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Os dois lados negam que a oferta seja uma tentativa de frustrar a fusão das siglas.
Resistências
Integrantes do governo reconhecem que a união de PTB e DEM não lhes interessa, pois a tendência é de que o novo partido seja oposicionista e detenha 47 deputados e 8 senadores. A negociação entre as cúpulas das siglas está avançada, mas as bancadas do PTB no Congresso têm demonstrado resistência. A situação é a mesma de 2014, quando a Executiva do partido decidiu apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao Planalto e a maioria dos parlamentares ficou ao lado da presidente Dilma Rousseff.
"Querem criar um monstro de duas cabeças, que já está dividido na gestação. É um filho indesejado e pronto para o aborto", diz o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).
Para a presidente nacional do PTB, deputada Cristiane Brasil (RJ), não há como recuar na fusão. Filha de Roberto Jefferson, delator do mensalão, ela representa a ala oposicionista do partido ao lado do diretório paulista, aliado de longa data do PSDB.
Cristiane defende independência completa do Planalto. Reconhece que há quadros no PTB com perfil governista que podem se sentir contrariados e decidirem deixar o partido. "Nosso objetivo é não perder parlamentar nenhum. Mas, se para fazer o omelete precisarmos quebrar alguns ovos, vamos fazer isso."
De acordo com dirigentes das duas siglas, ideia é que o processo de fusão seja concluído até meados de maio, para não haver problemas para as eleições municipais de 2016. A legislação determina que novos partidos façam seus registros na Justiça Eleitoral até um ano antes do pleito - ou seja, até outubro.
No DEM, as divergências são mais pontuais e têm sido encabeçadas pelo líder da sigla no Senado, Ronaldo Caiado (GO). Na semana passada, ele se manifestou contra decisão da Executiva do partido, que aprovou dar continuidade ao processo de fusão por 21 votos a 4. "O eleitor não vai entender como um partido como DEM, que se firmou como referência na oposição, vai se aliar a um partido que esteve ao lado de governos petistas."
O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), minimiza a preocupação do correligionário. "Nós vamos precisar de apenas 15 dias de atuação no Congresso para que as pessoas saibam de que lado vamos estar."
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