Brasília, 23 - Investigado na Operação Lava Jato, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira, 23, estar "tranquilo" sobre o caso. "Sou acusado de ouvir uma conversa que não aconteceu. Foi isso que expliquei na carta que eu mandei (ao STJ)", disse. Pezão apresentou há duas semanas sua defesa por escrito ao ministro Luis Felipe Salomão, relator da Lava Jato no Superior Tribunal de Justiça (STJ), tribunal onde governadores têm prerrogativa de foro.
Questionado sobre encontros com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, Pezão disse que teve "muitas reuniões". "Mas não só eu. Todo o governo junto, seis, oito secretários. (Falamos) sobre a licença ambiental do Comperj, sobre investimentos que precisavam na infraestrutura, uma série de obras, uma série de reuniões que participavam uma série de secretários", disse. O governador disse ainda que todas as reuniões foram públicas. "Agora, reunião para pedir ajuda de campanha nunca tive. Eu era vice e não assisti o governador nem o secretario Regis Fischer fazer esse pedido", disse. Pezão disse ainda que não se encontrou com o ministro Salomão para tratar do inquérito e que não tem pretensão de pedir uma audiência com o relator.
O governador respondeu a questionamentos sobre o inquérito no qual foi arrolado ao deixar a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde de hoje. Pezão foi recebido pelo presidente Ricardo Lewandowski, e foi acompanhado do governador do Espirito Santo, Paulo Harntung (PMDB-ES), do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). O grupo tratou do julgamento dos royalties com a presidência do STF. O caso está paralisado há dois anos no Tribunal.
Inquéritos
Pezão é investigado no mesmo inquérito em que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e Régis Fichtner, ex-chefe da Casa Civil do Rio, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Cabral e Pezão agiram juntos, com a contribuição de Fichtner, para receber R$ 30 milhões de empresas contratadas pela Petrobrás para a construção do Comperj. O dinheiro teria sido destinado para a campanha de Cabral e Pezão aos cargos de governador e vice, respectivamente, do Estado do Rio de Janeiro, em 2010.