Brasília - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu limitar o acesso ao plenário da Casa, frequentado hoje não só por parlamentares, mas também por assessores, jornalistas, lobistas e políticos que apenas visitam o local. A ideia é instalar catracas biométricas nas entradas do espaço de votação a partir de agosto.
Quando as catracas estiverem em operação poderão acessar o plenário por reconhecimento de impressão digital somente os 513 deputados, 81 senadores, de dois a três assessores por partido, jornalistas com credencial de acesso ao local e assessores técnicos. Hoje, o controle de acesso é feito por seguranças que conferem pins na lapela dos parlamentares e credenciais de servidores e repórteres. No entanto, é comum ver lobistas, profissionais com credenciamento inadequado, além de amigos e familiares de deputados e senadores espremendo-se pelo salão.
"Isso virou uma bagunça. A gente não consegue mais andar no plenário", diz o deputado Beto Mansur (PRB-SP), 1º Secretário da Câmara. Estudo técnico encomendado pelo parlamentar contabilizou um fluxo médio de 265 pessoas a cada cinco minutos. No último dia 8, quando o texto-base do projeto de regulamentação da terceirização foi aprovado, essa média subiu para 450 pessoas circulando no mesmo intervalo de tempo. Durante toda a sessão, 7.500 pessoas passaram pelo plenário, de acordo com o estudo.
Segundo Mansur, há casos de servidores que passam seus crachás para outras pessoas e de assessores que levantam as mãos no lugar dos deputados em votações simbólicas.
Nas últimas votações, seguranças já têm limitado a circulação de jornalistas no plenário. Na noite da última quarta-feira, 22, um assessor de imprensa que conversava com a reportagem foi convidado a sair por um segurança. Depois de argumentar que acompanharia uma entrevista com o deputado que assessora, o policial permitiu que ele ficasse.
A Câmara também pretende organizar o acesso de prefeitos e outros políticos que visitam a Casa, bem como o de familiares dos parlamentares. "A gente não consegue nem sentar no restaurante do plenário. Tem deputado que dá carteirada na segurança e faz o cara entrar. Já levei muita gente para dentro do plenário, mas tem que ter regra", afirma Mansur.
O primeiro-secretário diz não ter uma estimativa de quanto será gasto com a inovação, mas quer lançar a licitação das catracas "nos próximos dias". As barreiras devem ser compostas por duas placas de acrílico que abrirão quando o aparelho identificar a digital cadastrada..