Rico afirma que há acordos entre os dois países que já foram assinados, mas não ratificados pelo Congresso Nacional. Alguns datam de 2010, como é o caso do Acordo de Cooperação de Defesa (DCA) e o General Security of Military Information Agreement (GSMIA), quando a presidente nem tinha assumido o comando do país.
Outros acordos, diz o presidente da Amcham, já expiraram. É o caso de um acordo na área de previdência, que trata das contribuições previdenciárias feitas pelo trabalhador brasileiro que mora nos Estados Unidos e do trabalhador americano que reside no Brasil. É o caso também do acordo Open Skies, que flexibiliza a atuação de companhias aéreas estrangeiras no Brasil e de brasileiras nos Estados Unidos, segundo o presidente da Amcham.
Rico afirma que a expectativa do empresariado também compreende o estabelecimento de novos acordos. Um deles, o PPH (Patent Prosecution Highway), agilizaria o registro de patentes no Brasil, aumentando a atratividade do País para o desenvolvimento de tecnologias e produtos. "O Brasil deveria negociar o PPH com os Estados Unidos, prioritariamente, mas também com outros países importantes, como a Alemanha, Japão, Coreia do Sul, o que levaria para uma redução substancial no tempo do registro de patentes no Brasil", diz o executivo.
Outro acordo esperado, o Global Entry, facilitaria a entrada de viajantes frequentes nos dois países. Esse acordo beneficiaria tanto executivos e empresários brasileiros quanto americanos.
"Um ambiente diplomático mais cordial facilita o avanço desta agenda. Por isso, vemos a viagem (da presidente Dilma) com muito interesse", diz o dirigente da Amcham, a maior entre as 104 câmaras americanas de comércio existentes no mundo e que representa cerca de 4,7 mil empresas instaladas no Brasil - a maioria de capital nacional.
Com a viagem, Rico também espera que os dois governos construam condições de discussões aprofundadas sobre melhoria do comércio e dos investimentos em três áreas: infraestrutura, educação, "especialmente ensino técnico", e energias alternativas. "Na área do agronegócio, também esperamos uma maior cooperação", diz o executivo, citando a possibilidade de uma maior troca de tecnologias entre os dois países e do estabelecimento de uma convergência regulatória, que extinga, por exemplo, as dificuldades na exportação de carne bovina brasileira para o mercado americano.
Para o presidente da Amcham, resolver essas pendências e abrir um diálogo cooperativo entre os dois países são ações essenciais nesse momento em que a maior economia do mundo está prestes a fechar acordos com outras nações. Os Estados Unidos devem se unir a grandes economias asiáticas, a partir da Trans-Pacific Partnership, e já dialogam para fechar um outro acordo, a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês), com a União Europeia. Rico diz que esses acordos envolvem facilidade de comércio e convergência regulatória, duas questões ainda embrionárias na relação entre EUA e Brasil. "O Brasil ainda é uma economia muito fechada", diz o executivo.
Rico salienta que só o fato de a presidente do Brasil realizar a visita aos Estados Unidos é importante em si. "É um claro sinal de superação das dificuldades diplomáticas entre os dois países", disse. A viagem é esperada há dois anos. Em setembro de 2013, a presidente cancelou sua viagem aos EUA em outubro daquele ano em meio à revelação de que o serviço de inteligência americano havia espionado brasileiros e empresas brasileiras. A visita de junho foi confirmada por Dilma e por Barack Obama durante a Cúpula das Américas..