Brasília – Quase três meses depois do início do ano legislativo, o Palácio do Planalto ainda não conseguiu definir o líder do governo no Senado.
O cargo da liderança de governo sempre foi alvo da cobiça dos parlamentares por garantir visibilidade na imprensa e poder político entre os colegas de Casa. Este ano, no entanto, alguns senadores dizem, nos corredores do Congresso, que não são candidatos ao cargo. “Está muito difícil defender o governo. Até o PT está criticando as medidas provisórias (MPs) relacionadas ao ajuste fiscal”, questiona um senador da base aliada do governo, acrescentando que a baixa popularidade de Dilma também está espantando alguns parlamentares, que não querem se ver atrelados à petista.
São justamente esses temas difíceis para o governo que mais precisarão da defesa e articulação de um líder, avaliam senadores. As MPs 664 e 665, que dificultam o acesso aos benefícios sociais previdenciários e trabalhistas, ainda tramitam em comissões especiais, mas, se não forem analisadas até 2 de junho, perderão a eficácia.
O jurista paranaense deve ser sabatinado em 6 de maio no Senado. Por ora, quem tem liderado o lobby pela aprovação é ele próprio, Roberto Requião (PMDB-PR) e Alvaro Dias (PSDB-PR). Os dois últimos são do estado onde o indicado construiu a carreira jurídica. Nos bastidores, peemedebistas ameaçam não votar pela aprovação de Fachin. Eles apontam que o jurista tem ligação estreita com o PT, uma vez que pediu votos para a presidente Dilma em 2010.
COTADOS Nos últimos dias, o PT voltou a se movimentar para ocupar o cargo. O mais cotado é Delcídio do Amaral (MS), mas correligionários dizem que ele é “muito ligado ao PSDB”. Os peemedebistas, por sua vez, apontam Walter Pinheiro (BA) como o único petista com bom trânsito com Renan e o PMDB. Mas o próprio PT tem reservas a Pinheiro por identificá-lo como um parlamentar “sem papas na língua”. À reportagem, o senador disse que a liderança de governo deveria ficar com o PMDB por ser a maior bancada da Casa..