Rio - Oito deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga casos de corrupção na Petrobras chegaram nesta segunda-feira, na sede da estatal, no Centro do Rio, onde se reunirão com o presidente da companhia, Aldemir Bendine, e toda a diretoria. Os parlamentares vão questionar sobre os prejuízos da companhia, registrados no balanço divulgado semana passada, e sobre as investigações de corrupção na empresa. Um dos focos está nos trâmites de decisão na Petrobras dos projetos sob suspeita.
Além dele, já estão na sede da empresa o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB); o primeiro vice-presidente, Antonio Imbassahy (PSDB-BA); o terceiro vice-presidente Kaio Maniçoba (PHS-PE); o relator Luiz Sérgio (PT-RJ); e os sub-relatores Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Altineu Côrtes (PR-RJ) e Bruno Covas (PSDB-SP).
Primeiro, os deputados ouvirão uma apresentação da diretoria sobre os resultados e, em seguida, farão questionamentos e requisitarão documentos sobre as decisões do conselho de administração da empresa. A estratégia da oposição é tentar aproximar a investigação das decisões tomadas no conselho sobre os projetos sob suspeita durante a gestão da presidente Dilma Rousseff como membro do colegiado.
"As decisões importantes são tomadas pelo conselho. Supõe-se que a presidente seja bem informada sobre esses processos. A presidente precisa assumir essa responsabilidade. Queremos atas dos encontros que resultaram em desvios desastrosos para o País", disse Leite, que também questionou a credibilidade dos números do balanço.
Para ele, seria importante que dados passassem por uma nova auditoria independente para rechaçar dúvidas sobre o tamanho da baixa contábil nos valores dos ativos da companhia. A publicação do balanço, na quarta-feira passada, ocorreu após cinco meses de adiamentos, por causa da relutância da consultoria PricewaterhouseCoopers em assinar a auditoria independente validando os dados.
No balanço, a Petrobras informou prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991, causado por perdas de R$ 6,194 bilhões com gastos relacionados à corrupção e de outros R$ 44,636 bilhões com a revisão no valor dos ativos.
O relator da CPI, o petista Luiz Sérgio, afirmou que não vê motivos para uma nova revisão do balanço. "O balanço já foi auditado. Não há nenhum dado para colocar em dúvida o resultado do balanço", afirmou. Segundo o parlamentar, a visita também irá avaliar a saúde financeira da companhia e as ações de governança adotadas após a operação da Lava Jato. "Vamos ouvir da nova diretoria o que está sendo feito para tolher situações semelhantes às que ocorreram", disse Sérgio.