Única sobrevivente da Casa da Morte, que era usada pelos militares para torturar presos da ditadura, a ex-guerrilheira Inês Etienne Romeu, morreu aos 72 anos na manhã desta segunda-feira em sua casa em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ela foi a responsável pela denúncia que levou à descoberta do centro clandestino, onde passou 96 dias, e de seis torturadores. Inês era uma das líderes da Vanguarda Revolucionária Palmares (VPR) e foi presa sem ordem judicial em 5 de maio de 1971.
Cerca de 20 pessoas teriam morrido na Casa da Morte durante o período militar. Inês foi a única a ser libertada. Depois de ser presa em São Paulo pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, ela foi torturada e levada para uma delegacia em Cascadura, Rio de Janeiro. De lá foi transferida para a Casa da Morte onde ficou mais de três meses incomunicável e sofreu todos os tipos de tortura.
Sua colaboração com a Comissão Nacional da Verdade foi fundamental para se chegar ao imóvel clandestino e à identificação de quem atuava nele. Ela reconheceu os torturadores por fotografias.
A casa ainda existe no bairro Caxambu, em Petrópolis.
Em nota, a Comissão da Anistia disse receber com profunda tristeza a notícia da morte de Inês. “Ela denunciou em 1981 a existência do centro clandestino de tortura e extermínio. Em 2009, recebeu por isso o Premio Direitos Humanos na categoria “Direito à Memória e à Verdade” do então presidente Luis Inácio Lula da Silva”, lembra a nota. .