Na última semana, a estatal publicou balanço auditado pela PriceWaterhouse&Coopers (PwC) informando perdas de R$ 44 bilhões no valor dos ativos e R$ 6,2 bilhões com a corrupção. O documento também registrou um prejuízo anual de R$ 21,6 bilhões, o primeiro da companhia desde 1991. Entretanto, a gestão anterior, comandada por Graça Foster, havia registrado no balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014 perdas de R$ 88 bilhões nos ativos.
"A ex-presidente anunciou que havia projeção de déficit de R$ 88 bilhões. Passados dois meses, o prejuízo é de R$ 21 bilhões? É preciso entender as razões pelas quais se chegou a esse número que permita uma diminuição abrupta das perdas", afirmou Otávio Leite, após deixar a visita técnica de parlamentares da CPI à sede da Petrobras. "Afinal, que mágica foi essa? O que são esses R$ 6 bilhões de corrupção?", destacou o deputado.
A proposta do deputado Otávio Leite é que a própria Comissão arque com os custos da nova auditoria, que se dedicaria a revisar os dados apresentados pela Petrobras na última semana. A medida, entretanto, encontra rejeição por parte dos integrantes da CPI.
"Se evidencia de forma muito clara uma preocupação maior com a disputa política do que com a apuração dos fatos em si", afirmou o parlamentar, ao deixar a sede da Petrobras. "O balanço anterior não foi aprovado pela auditoria. Agora o balanço já foi auditado. É um capítulo virado", afirmou, Luiz Sérgio. Segundo ele, a dificuldade em calcular o valor das perdas com a estatal se deve ao fato de a "corrupção ter ocorrido fora da Petrobras".
"Valor que se chegou no prejuízo da Lava Jato é um valor acordado mais politicamente que tecnicamente. Não estava nos livros. Nunca se chegaria a um valor e o valor ainda poderia ser questionado. A Petrobras estabeleceu o porcentual de 3% sobre o volume dos contratos investigados da Lava Jato", explicou o parlamentar.
Ao todo oito parlamentares participaram da reunião com a diretoria da estatal. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, não participou do encontro alegando problemas familiares. Os deputados acompanharam uma apresentação dos números do balanço feita pelo diretor Financeiro, Ivan Monteiro, além de ouvir informações sobre as medidas adotadas para melhorar a governança da empresa.
"Muito pouco poderia ser respondido, pois a diretoria não estava no cargo na época da corrupção. A empresa adota várias medidas para evitar desvios e investimentos errados. A partir de agora é tolerância zero", afirmou o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-RJ).
O deputado Otávio Leite também questionou a "responsabilidade" dos conselheiros sobre as decisões de investimentos e contratações da Petrobras, reforçando a estratégia da oposição de buscar aproximar as investigações da CPI da presidente Dilma Rousseff, que presidiu o colegiado da estatal entre 2003 e 2010.