Ela enfartou por volta das 5h enquanto dormia em casa, em Niterói, na região metropolitana do Rio Foi um enfarte muito forte, o médico disse que não poderia ter feito nada, disse o jornalista Paulo Romeu, de 69 anos, um dos irmãos de Inês. A cremação do corpo está marcada para as 14h30 de terça, 28, no cemitério Parque da Colina, em Niterói.
As informações mais importantes sobre a Casa da Morte foram conhecidas a partir do depoimento de Inês e acabaram confirmadas por documentos produzidos pelo próprio Estado. Ela foi uma combatente da ditadura que sempre lutou pela democracia. Pagou um preço alto, mas nunca se arrependeu, disse o irmão.
Inês foi presa em 5 de maio de 1971 por agentes comandados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, em São Paulo, e levada à Casa da Morte, onde ficou detida de 8 de maio a 11 de agosto de 1971, submetida a torturas e estupros. Sua prisão só foi documentada em 7 de novembro daquele ano.
Anistia
Inês cumpriu oito anos de prisão por participação no grupo Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de oposição ao governo militar. Foi libertada em 29 de agosto de 1979, com a promulgação da Lei de Anistia.
Uma semana depois, compareceu à sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Rio, para registrar seu testemunho. Na denúncia, identificou torturadores e carcereiros, o dono do imóvel, Mario Lodders, e militantes desaparecidos que passaram pela casa.
Foi uma heroína brasileira. Graças a ela e tão somente a ela descobriu-se a existência da famigerada Casa da Morte, onde foram supliciados e mortos dezenas de perseguidos políticos. Ela foi a única a escapar viva, disse o presidente da Comissão da Verdade do Rio, Wadih Damous.
Segundo ele, a comissão apresentará à Camara de Vereadores de Petrópolis pedido para que a rua onde fica o imóvel em que funcionou a Casa da Morte ganhe o nome de Inês. A Comissão da Verdade também defende a transformação do imóvel em um espaço de memória..