A decisão de prosseguir com o projeto de fusão com o PPS foi articulada pelo grupo que vem ganhando força dentro do PSB desde o rompimento com o PT e o lançamento da candidatura do falecido Eduardo Campos à Presidência. É o mesmo grupo que defendeu o apoio ao tucano Aécio Neves no segundo turno, cujos componentes mais notórios são o presidente do PSB em São Paulo, Márcio França (vice-governador do tucano Geraldo Alckmin), o ex-deputado que foi vice de Marina Silva nas eleições, Beto Albuquerque (RS), o deputado Júlio Delgado (MG), e Geraldo Júlio, prefeito de Recife, e Paulo Câmara, governador de Pernambuco. E foi reforçado com o afastamento de figuras históricas do PSB mais alinhadas à esquerda e com laços antigos com o PT, como Roberto Amaral - que perdeu a presidência da sigla e a posição na Executiva - e Luiza Erundina - que foi contra apoiar Aécio e também deixou a Executiva.
Segundo fontes do PSB ouvidas pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a tendência é aprovar a fusão com o PPS. Se não acontecer amanhã, a aprovação formal da Executiva deve acontecer até maio.
"Existem posições contrárias, das figuras de sempre mais alinhadas com PT, e há receios relacionados à abertura de porta de saída ou disputas por cargos de direção. Mas a visão majoritária é de que o partido tem mais a ganhar que a perder", disse um membro da Executiva do PSB que prefere não se identificar.
A fusão permitiria a soma de tempo de TV e de fundo partidário a partir da junção das bancadas na Câmara. Hoje, o PSB tem 32 deputados em exercício e o PPS, 11. A fusão é vista pela maioria dos dirigentes como um passo importante na estratégia do partido de passar de uma legenda média para um partido grande, que não seja visto como linha auxiliar nem do PT nem do PSDB, mas uma terceira via de fato.
O partido avalia como baixo o risco de perder parlamentares - já que a fusão permite que deputados deixem a agremiação sem possibilidade de perda de mandato. Os dirigentes ouvidos julgam que a melhora da estrutura pode atrair quadros com potencial de votação em grandes cidades nas disputas municipais de 2016, como a senadora Marta Suplicy em São Paulo. A senadora oficializou nesta terça a saída do PT e deve pedir filiação ao PSB nos próximos meses - após uma eventual fusão.
Resistências
Entre os dirigentes que devem se opor à fusão com o PPS estão figuras do Norte e Nordeste, onde o partido tinha laços mais fortes com o PT. São políticos como o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, os senadores Antonio Carlos Valadares (SE) e João Capiberibe (AP), e o secretário sindical do partido, Joilson Cardoso.
Em entrevista ao Broadcast Político, Cardoso disse que ainda não foi consultado, mas que, se a fusão for colocada na mesa de discussão, será contrário. Ele inclusive afirmou que o telegrama convocatório para a reunião da Executiva amanhã cita um debate de conjuntura. "Fiquei sabendo de discussão sobre fusão pela imprensa", afirmou. "Não vejo congruência em uma fusão com o PPS. Eles têm uma postura no Congresso de direita, enquanto nós mantemos uma posição crítica ao governo, mas de independência", completou.
Liderado por Roberto Freire, o PPS tem um discurso bem mais duro que o PSB em relação ao governo Dilma. Freire e o PPS chegaram a defender abertamente a abertura de um processo de impeachment e depois recuaram. Após receber pareceres de juristas, Freire disse recentemente que não há "condições objetivas" para um processo de impedimento da presidente.
PPS
O PPS tem interesse mais claro na fusão, mesmo que cedendo a liderança para o PSB, pois passaria de uma legenda pequena para média ou grande.