Os dados fazem parte do Escritório de Registro de Lavagem de Dinheiro, um órgão de combate aos crimes financeiros estabelecidos na Suíça. O levantamento confirma : os sul-americanos são os maiores alvos das denúncias, com mais de 200 casos em 2014. Apenas os residentes suíços estão citados em mais suspeitas que os sul-americanos. Eles representam 12% dos casos e superaram os italianos, até então os maiores suspeitos entre os estrangeiros.
Há dez anos, eram apenas 45 casos por ano envolvendo sul-americanas. No total, são mais de 1 mil casos de brasileiros, argentinos, venezuelanos e outros da região.
Em 2014, as autoridades suíças receberam 1,7 mil casos de suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo contas em seus bancos. Isso representa cerca de sete por dia em que a administração esteve funcionando.
Em 2014, o que fez o número dar um novo salto foi a Petrobrás e as suspeitas de pagamento de propinas mais que dobraram em um ano.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o chefe do escritório suíço de combate à lavagem de dinheiro, Arnaud Beuret, reconheceu que o caso da estatal brasileira havia partido do trabalho de seu organismo. " Nossa estatística inclui esse caso ", apontou Beuret, sem entrar em detalhes sobre o que encontrou. " Repassamos os detalhes ao Ministério Público que então optou por abrir um inquérito ", disse.
No informe anual da entidade, os suíços apontam que, em apenas um caso, 50 suspeitos e contas foram identificadas. " Houve um certo número de casos relativos à Petrobrás ", disse.
No total, a Suíça congelou US$ 400 milhões (R$ 1,3 bilhão) e identificou mais de 300 contas relacionadas com o escândalo de corrupção da Petrobrás, numa das maiores iniciativas já tomadas na história do país contra dinheiro suspeito. Berna já devolveu US$ 120 milhões (R$ 390 milhões) ao Brasil e alerta que um total de mais de 30 bancos suíços foram usados por ex-executivos da Petrobrás e fornecedores para pagar e receber as propinas.
Cerca de mil transações bancárias estão ligadas a esses desvios, o que obrigou o MP suíço a abrir nove investigações penais por lavagem de dinheiro em relação à estatal brasileira. A meta é a descobrir a origem dos recursos bloqueados e as empresas que pagaram a propina. Entre as suspeitas está a Odebrecht.
Os suíços, sob forte pressão da comunidade internacional, aponta que 85% das denúncias foram realizadas pelos próprios bancos contra seus clientes. " Esse também foi o caso da Petrobrás ", disse Beuret.
Em 2014, 10% dos casos suspeitos entregues à Justiça acabaram em condenação. Outros 40% dos casos estão sendo tramitados. Mas 50% deles foram arquivados por falta de provas..