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Estado de Minas

Levy perde no Congresso round por ajuste fiscal

Em defesa das medidas fiscais, ministro diz que país permanece sob risco de rebaixamento, mas comissão aprova relatório que reduz carência para seguro-desemprego prevista em MP


postado em 30/04/2015 06:00 / atualizado em 30/04/2015 07:27

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy (C), conversa com parlamentares após a audiência na Câmara em que defendeu o pacote do governo (foto: Evaristo Sá/AFP)
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy (C), conversa com parlamentares após a audiência na Câmara em que defendeu o pacote do governo (foto: Evaristo Sá/AFP)

Brasília – Nem o argumento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que caso o ajuste fiscal não seja aprovado, a ameaça de rebaixamento do país “volta à galope” nem sua afirmação de que as mudanças não afetarão o crescimento foram suficientes para garantir a manutenção do texto original da Medida Provisória 665, que trata do endurecimento da concessão de benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego e abono salarial. Nessa quarta-feira (29), a comissão mista do Congresso criada para analisar as novas regras aprovou, por 12 votos a 7, o relatório do senador Paulo Rocha (PT-PA), que altera pontos considerados importantes pelo governo para equilibrar as contas públicas.

Quando a MP 665 foi editada, em dezembro, o governo estimou economia com as restrições trabalhistas e previdenciárias – estas últimas determinadas por meio da MP 664, ainda não votada — de R$ 18 bilhões em 2015. Pelo cálculo dos parlamentares, com as alterações do relator, haverá perda de cerca de R$ 2 bilhões nesse cálculo.

O texto aprovado estabelece carência de 12 meses consecutivos de vínculo com o empregador para a concessão do seguro-desemprego pela primeira vez ao trabalhador. O governo pretendia, quando editou a MP, elevar esse período dos atuais seis para 18 meses. Estabelece também prazo de 90 dias de atividade remunerada para o recebimento do abono salarial anual, que terá o valor máximo de um salário mínimo, para beneficiários que trabalhem em empresa que contribua para o PIS/Pasep. A regra atual estipula esse prazo em um mês.

Apesar de ter estipulado prazo de seis meses na MP original, o governo, segundo Rocha, já havia aceitado a redução para os três meses aprovados. O relator manteve no texto a proporcionalidade no cálculo do abono, a exemplo do que ocorre para o pagamento do 13º salário, como propôs a equipe econômica.

Tentativa

Levy passou nessa quarta-feira mais de cinco horas na Câmara dos Deputados, tentando convencer os parlamentares de que a implementação do ajuste fiscal, por meio de aumento de tributos e corte de gastos, principalmente em investimentos, não atrapalhará o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. “O PIB não vai cair por causa do ajuste fiscal. Temos que fazê-lo e concluí-lo rapidamente para o PIB poder voltar a crescer”, argumentou, admitindo que “estamos gastando mais do que gerando e isso pode levar a um quadro de crise se não for sanado logo”.

O ministro lembrou que o Brasil está mais próximo do grau especulativo do que do grau de investimento, apesar de a presidente Dilma ter tomado medidas fortes. “O investidor parou de desconfiar, está querendo acreditar e agora ele quer ver”, ressaltou. E apelou: “A confiança vai aumentar se as medidas forem votadas, indo além de questões partidárias, porque o ajuste fiscal não é partidário. O ajuste será o caminho para a retomada do crescimento”, ressaltou.

Ele defendeu também as medidas que restringem o acesso dos trabalhadores a benefícios trabalhistas e previdenciários, consideradas essenciais pelo governo para o ajuste fiscal. Segundo Levy, essas ações não significam que o governo esteja retirando direitos dos brasileiros. “Ninguém está passando a conta para o trabalhador. Estamos indo onde há fragilidades e corrigindo”.

Pedaladas

O deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) pressionou o ministro da Fazenda a comentar as pedaladas fiscais adotadas pela equipe econômica anterior para fechar as contas públicas nos últimos anos. Para realizar a meta fiscal, o Tesouro Nacional atrasou repasses de recursos para bancos públicos, obrigando essas instituições a fazerem o pagamento de despesas da União – como Bolsa-Família e seguro-desemprego – com recursos próprios. Essas manobras foram batizadas de pedaladas fiscais. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), isso representou um descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Recursos negados

O Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou nessa quarta-feira recursos do governo federal contra decisão que apontou irregularidades em manobras da equipe econômica conhecidas como “pedaladas fiscais”: o atraso de repasses do Tesouro aos bancos federais para pagamento de benefícios sociais com o objetivo de inflar artificialmente os resultados do governo. A Advocacia-Geral da União (AGU) e o Banco Central apresentaram embargos de declaração, nos quais tentavam evitar determinações como a convocação de autoridades para explicar as falhas apontadas e o envio de relatório de auditoria para o Ministério Público Federal (MPF). Para o tribunal, houve descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e irregularidade passível de ser enquadrada, na esfera penal, como crime de responsabilidade. A AGU informou que vai recorrer novamente contra a decisão.

 


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