Curitiba e São Paulo - A Justiça Federal iniciou na manhã desta segunda-feira os interrogatórios dos executivos das maiores empreiteiras do País denunciados no bilionário esquema de corrupção e desvios na Petrobras.
À tarde, será a vez do presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, acusado de ser o coordenador do cartel de empreiteiras que pagava de 1% a 3% em contratos da Petrobras, por meio de diretores indicados pelo PT, PMDB e PP, que tinham como destino partidos e políticos. O prejuízo estimado até agora é de R$ 6 bilhões - desviados dos cofres públicos entre 2004 e 2014.
É a primeira vez que os executivos alvos da Lava-Jato irão depor formalmente ao juiz Sérgio Moro, como réus dos processos. Dois deles, Avancini e Leite - presidente e vice-presidente da Camargo Corrêa - fizeram acordo de delação premiada e já confessaram crimes e apontaram novos fatos aos investigadores da força-tarefa do Ministério Público Federal.
Considerado o maior escândalo de corrupção do País, o juiz federal começa a partir de junho a sentenciar os executivos de empreiteiras, dentro do primeiro pacote de denúncias formais dos procuradores da Lava-Jato mirando o grupo empresarial que sustentava o ciclo de desvios da Petrobras, com dinheiro desviado da própria estatal.
São 25 executivos e funcionários de 6 das 16 empreiteiras acusadas de cartel nos contratos da Petrobras dentro desse primeiro pacote de processos criminais. As ações (cinco ao todo) foram abertas em dezembro de 2014, após denuncias do Ministério Público Federal serem aceitas por Moro.
Pelo rito processual, após os interrogatórios, o MPF terá prazo para fazer suas alegações finais de acusação e depois os acusados terão tempo para suas defesas - antes que o juiz comece a elaborar suas sentenças pela condenação ou absolvição dos réus. Até agora, apenas um processo da Lava-Jato envolvendo a Petrobras foi julgado.
Os interrogatórios desta segunda-feira fazem parte do processo envolvendo a Camargo Corrêa e a UTC. Para a tarde, estão previstos ainda os interrogatórios dos réus Waldomiro de Oliveira (laranja do doleiro Alberto Youssef), Márcio Andrade Bonilho (do grupo Sanko, laranja dee Youssef), Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro de Cidades Mário Negromonte e entregador de propina, e Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca - policial federal que também era transportador de dinheiro de Youssef.
Juízo Final
Batizada de Juízo Final, as ações que começam sua fase final são da sétima etapa da Lava-Jato - que mirou pela primeira vez o braço empresarial do esquema de corrupção na Petrobras. São réus nos processos executivos da Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC.
As acusações tratam da corrupção e dos desvios comprovados pela força-tarefa da Lava-Jato em contratos apenas da Diretoria de Abastecimento - que era cota do PP no esquema e dirigida pelo primeiro delator do caso, Paulo Roberto Costa.
Na semana passada, o ex-diretor de Abastecimento e o doleiro Alberto Youssef foram os primeiros réus desses processos a serem interrogados por Moro. Ao juiz, Costa confirmou o esquema de corrupção e cartel na estatal. "Nos contratos envolvendo o cartel, a propina era generalizada."