Brasília, 06 - As irregularidades apontadas nos dois documentos da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) no fundo de pensão dos Correios, o Postalis, incluem aportes milionários em fundos sem rentabilidade, falta de garantias reais dos investimentos e casos em que o mesmo grupo é responsável pela gestão e análise de risco das aplicações e aportes fora das determinações legais.
O relatório aponta, ainda, como exemplo de má administração do Postalis investimentos conduzidos pelo BNY Mellon, responsável por autorizar oficialmente compra de títulos emitidos por instituições financeiras no exterior lastreados na dívida da Argentina e da Venezuela.
A Previc analisou o maior fundo de investimentos do plano com déficit bilionário - o Serengetie - e concluiu que a rentabilidade desse era “pífia”, quando não negativa. Mesmo assim, “em nenhum momento questionou-se a baixa rentabilidade do fundo ou foram adotadas ações que visassem efetivamente ao saque dos recursos nele alocados”, diz o relatório. Pelo contrário, são “incompreensíveis”, segundo a Previc, “os constantes aportes de recursos, ao contrário do que seria esperado para um fundo cuja carteira possuía ativos com baixíssima liquidez e com altíssimo risco de crédito”.
O Postalis informou que recebeu os documentos da Previc no dia 24 de abril. “Os relatórios são extensos e dizem respeito a diversos investimentos. O instituto ainda está em fase de análise desses documentos para posterior resposta à Previc, cujo prazo é de 30 dias a contar do recebimento”, afirmou a entidade, por meio da assessoria de imprensa.
A atual direção do Postalis tem afirmado que grande parte dos problemas do plano com o rombo bilionário é decorrente de investimentos feitos no passado.
Segundo o Postalis, várias medidas foram tomadas, no último ano, para aprimorar a governança do instituto e melhorar os resultados dos investimentos. Já a Previc não comenta os relatórios, que são sigilosos.