Em carta enviada às venezuelanas Mitzy Capriles e Lilian Tintori, acolhidas pela oposição brasileira nesta semana, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil "procura incansavelmente uma solução para crise" do país vizinho.
Mitzy, esposa do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e Lilian, mulher do líder do partido Vontade Popular Leopoldo López, estiveram hoje em Brasília e foram recebidas por diversas autoridades. Ciceroneadas por integrantes do PSDB, como o senador Aécio Neves (MG), ambas participaram de audiência pública no Senado, visitaram os presidentes da Câmara e do Senado e estiveram com integrantes do Judiciário, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Por onde passaram ouviram apoio ao pedido de liberdade a seus maridos e cobranças de um posicionamento do governo brasileiro.
Para desfazer o mal-estar, o Palácio do Planalto enviou uma carta às duas mulheres como uma forma de compensar a recusa da presidente ao pedido de audiência das venezuelanas. Assinada pelo chefe do gabinete pessoal de Dilma, Álvaro Henrique Baggio, o documento dizia que a petista desejava "uma pronta e feliz solução" à situação vivida na Venezuela. Segundo um auxiliar direto da presidente, um eventual encontro de Dilma com Mitzy e Lilian poderia ser visto como uma "intromissão em assuntos internos" daquele país.
Protocolo
O envio da carta decepcionou as venezuelanas, que consideraram o ato meramente protocolar. Por outro lado, a postura adotada pelo ministro das Relações Exteriores foi visto como uma sinalização de que o País procura, de fato, mudar o eixo da relação com a oposição do país vizinho. Além de aceitar o encontro institucional, chamou atenção o teor do que foi dito por Vieira à imprensa.
Em entrevista, o ministro afirmou que tem cobrado do governo da Venezuela a convocação "no menor prazo possível" das eleições legislativas do país, que deveriam acontecer no segundo semestre deste ano.
O ministro afirmou ainda que a realização das eleições é uma preocupação central da missão da Unasul que foi enviada a Caracas em março, com o objetivo de restabelecer o diálogo entre o governo e a oposição daquele país. Segundo ele, o governo venezuelano teria dito, na época, que convocaria as eleições em até seis semanas, mas, apesar de o prazo ter se esgotado, isso ainda não aconteceu.
Durante a audiência na Comissão de Relações Exteriores no Senado, a mulher de López afirmou que o "mundo inteiro sabe que não há democracia na Venezuela". Segundo ela, o governo de Nicolás Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez, "tem todas as características de uma ditadura" e mantém hoje 89 pessoas presas por questões políticas.
Em contraposição a esse audiência, senadores da base aliada realizaram um encontro com o representante do governo venezuelano que havia se encontrado mais cedo com Vieira. Saab defendeu que o país não vive sob um regime ditatorial e classificou como "terroristas" as pessoas que foram presas após participarem das manifestações de 2014, caso de Ledezma e López..