A bancada do PDT tomou a posição que acha “a mais correta” na votação da Medida Provisória 665, que altera as regras de concessões de seguro-desemprego e abono salarial, e tem “autonomia para isso”, disse ontem, 8, o ministro do Trabalho, Manoel Dias. Na votação de quarta-feira, todos os deputados do PDT, partido da base desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, votaram contra a MP, essencial para o ajuste fiscal.
Após participar de evento comemorativo aos 70 anos do fim da 2.º Guerra Mundial, no Rio, o ministro negou haver constrangimento com a decisão dos deputados do PDT.“Quando aceitamos ingressar no governo, ainda no governo Lula, o partido colocou que iria participar de um governo plural e que o PDT tem suas causas pétreas e não iria renunciar a ela. O presidente Lula entendeu como uma posição partidária.”
A votação dos pedetistas foi entendida como indicação de que o partido poderá caminhar para a oposição, já que o caso se soma à recente declaração do presidente da sigla, Carlos Lupi, de que o PT “roubou demais”. Na ocasião, o ex-ministro do Trabalho cobrou mais espaço dentro do governo. “Eu não quero um pedaço de chocolate para brincar como criança que adoça a boca. Eu quero ser sócio da fábrica, eu quero ajudar a fazer o chocolate”, declarou em encontro com correligionários na semana passada, em São Paulo.
O atual titular da pasta relativizou, porém, a piora do mercado de trabalho, apontada pela alta da taxa de desemprego de 6,5% para 7,9% no primeiro trimestre deste ano, como revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o ministro, a crise política afeta a econômica. “Quanta gente está postergando a compra de um automóvel, de um apartamento? Investimentos que deveriam ser feitos não foram. Tivemos uma crise na maior empresa empregadora e investidora do País, que é a Petrobrás, mas ela está já voltando ao seu controle”, disse o ministro.
Desestabilização
Segundo Dias, há setores querendo desestabilizar o governo com a crise política. “Nós que somos do PDT, que viemos do antigo PTB, conhecemos toda essa história. Fizeram com (o ex-presidente Getúlio) Vargas e com o presidente João Goulart a mesma coisa. Mudam os atores, mas o palco é o mesmo. Querem agora desestabilizar o governo da presidente Dilma, que foi eleita democraticamente, está aí com três, quatro anos de governo e está adequando o País a um novo momento.”
Dias prevê melhora da economia no País no segundo semestre deste ano. “Todo ano, os primeiros meses do ano são os meses mais difíceis. A retomada chega no auge lá pelo mês de agosto”, concluiu.