Prestes a mudar o comando da legenda, o PSDB mineiro já iniciou um trabalho interno para tentar ampliar e espalhar seus quadros no Legislativo e Executivo pelo maior número de cidades possível entre os 853 municípios do estado. Diante de uma análise interna do desempenho do partido nas eleições ao longo dos últimos 12 anos, a estratégia vai mudar: a ordem agora é diminuir as concessões a aliados e lançar prioritariamente nomes tucanos nas disputas, a começar pela sucessão na Prefeitura de Belo Horizonte, no ano que vem.
Todo esse quadro, segundo o mea-culpa feito por integrantes da legenda, foi o que levou ao resultado do ano passado, quando depois de 12 anos os tucanos perderam o comando do Palácio Tiradentes, que foi conquistado pelo principal rival, o PT. “O PSDB fez uma política de coalizão muito ampla e o discurso era sempre o mesmo: ‘Temos o Palácio, temos de abrir mão (das candidaturas)’. Às vezes uma cidadezinha pequena lá no Norte de Minas tinha um embate com um partido nanico da base e o PSDB se sentia constrangido e apoiava. Com isso, fomos perdendo espaço”, afirmou o deputado estadual João Vitor Xavier, que deve assumir o posto de secretário-geral nas eleições internas marcadas para o fim deste mês.
Para ele, a redução da bancada na Assembleia é o ponto mais simbólico. Em mexidas ao longo dos mandatos, os tucanos chegaram a ter 21 cadeiras e hoje tem menos da metade desse número. “Teve essa lógica dos parceiros em vez do fortalecimento próprio e hoje muitos considerados parceiros viraram as costas para o PSDB na oposição”, disse. Segundo o futuro dirigente, foi uma “derrota didática” que serviu para reciclar o partido.
O parlamentar faz parte de um grupo que trabalha para retomar a força do PSDB no estado. A preparação abrange por enquanto 100 cidades onde eles estão detectando os nomes possíveis para ter candidatura própria. Xavier dá o exemplo do modelo do PSDB de São Paulo, que passa primeiro pelo fortalecimento do partido e depois pela relação com os outros. “Nunca tiveram uma base tão pulverizada como a nossa, mas tiveram o PSDB mais forte. Chega de ceder”, avaliou o parlamentar. Em São Paulo, os deputados estaduais passaram de 18 em 2002 para 22 em 2010.
Em reunião da Executiva municipal do PSDB, o partido deliberou por ter candidatura própria, o que não ocorre desde 2000, quando o hoje deputado estadual João Leite foi derrotado pelo ex-prefeito Célio de Castro. Como opções por enquanto estão colocados os deputados federais Marcus Pestana e rodrigo de Castro e o estadual João Vitor Xavier. O nome dos sonhos seria o do ex-governador Antonio Anastasia, mas, por enquanto, ele não demonstra interesse em concorrer.