PSDB monta estratégia para disputar eleições de 2016

Legenda decide reduzir as concessões a aliados para tentar ampliar participação nas Câmaras e prefeituras nas eleições de 2016. Disputa pela PBH terá candidato tucano na cabeça de chapa

Juliana Cipriani
- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Prestes a mudar o comando da legenda, o PSDB mineiro já iniciou um trabalho interno para tentar ampliar e espalhar seus quadros no Legislativo e Executivo pelo maior número de cidades possível entre os 853 municípios do estado. Diante de uma análise interna do desempenho do partido nas eleições ao longo dos últimos 12 anos, a estratégia vai mudar: a ordem agora é diminuir as concessões a aliados e lançar prioritariamente nomes tucanos nas disputas, a começar pela sucessão na Prefeitura de Belo Horizonte, no ano que vem.

A mudança vem de análises dos resultados das urnas que mostram que o PSDB veio perdendo capilaridade ao longo dos anos. O número de deputados estaduais, por exemplo, que de 2002 para 2006 chegou a saltar de 11 para 16, caiu para 13 em 2010 e nove no ano passado. Os tucanos também viram minguar o número de prefeitos eleitos nesse período. O PSDB tinha o comando de 150 cidades em 2004, passando a 157 em 2008 e caindo para 137 em 2012. Os vereadores que chegaram a ser 1.148 há 11 anos e no último pleito foram eleitos 979.

Todo esse quadro, segundo o mea-culpa feito por integrantes da legenda, foi o que levou ao resultado do ano passado, quando depois de 12 anos os tucanos perderam o comando do Palácio Tiradentes, que foi conquistado pelo principal rival, o PT. “O PSDB fez uma política de coalizão muito ampla e o discurso era sempre o mesmo: ‘Temos o Palácio, temos de abrir mão (das candidaturas)’. Às vezes uma cidadezinha pequena lá no Norte de Minas tinha um embate com um partido nanico da base e o PSDB se sentia constrangido e apoiava.

Com isso, fomos perdendo espaço”, afirmou o deputado estadual João Vitor Xavier, que deve assumir o posto de secretário-geral nas eleições internas marcadas para o fim deste mês.

Para ele, a redução da bancada na Assembleia é o ponto mais simbólico. Em mexidas ao longo dos mandatos, os tucanos chegaram a ter 21 cadeiras e hoje tem menos da metade desse número. “Teve essa lógica dos parceiros em vez do fortalecimento próprio e hoje muitos considerados parceiros viraram as costas para o PSDB na oposição”, disse. Segundo o futuro dirigente, foi uma “derrota didática” que serviu para reciclar o partido.

O parlamentar faz parte de um grupo que trabalha para retomar a força do PSDB no estado. A preparação abrange por enquanto 100 cidades onde eles estão detectando os nomes possíveis para ter candidatura própria. Xavier dá o exemplo do modelo do PSDB de São Paulo, que passa primeiro pelo fortalecimento do partido e depois pela relação com os outros. “Nunca tiveram uma base tão pulverizada como a nossa, mas tiveram o PSDB mais forte. Chega de ceder”, avaliou o parlamentar. Em São Paulo, os deputados estaduais passaram de 18 em 2002 para 22 em 2010.

Em reunião da Executiva municipal do PSDB, o partido deliberou por ter candidatura própria, o que não ocorre desde 2000, quando o hoje deputado estadual João Leite foi derrotado pelo ex-prefeito Célio de Castro. Como opções por enquanto estão colocados os deputados federais Marcus Pestana e rodrigo de Castro e o estadual João Vitor Xavier. O nome dos sonhos seria o do ex-governador Antonio Anastasia, mas, por enquanto, ele não demonstra interesse em concorrer.

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