Depois de formar uma maioria folgada, que lhe garantiu votações importantes como o Orçamento e a reforma administrativa, o governador Fernando Pimentel (PT) tem fiscalizado de perto a participação de cada integrante da base para evitar traições. O acompanhamento é feito com uma avaliação dos parlamentares, que funciona como uma espécie de ranking, e vem sendo repassada ao Executivo. Além das votações, são considerados os posicionamentos políticos e as defesas ou críticas à gestão petista.
Segundo um aliado que preferiu não ser identificado, a análise funciona com pontuação decrescente. Todos começam com o mesmo índice e quem deixou de votar ou foi contra a indicação do Executivo perde pontos. O mesmo ocorre para quem falou negativamente do governo. “Dependendo da importância da votação ou da intensidade da crítica, o avaliado perde um, dois ou três pontos”, informou o parlamentar.
O responsável pela verificação é o líder do governo Durval Ângelo (PT), que curiosamente está em primeiro lugar no ranking. Depois dele viriam, entre os primeiros colocados, Rogério Correia (PT), Léo Portela (PR), Cristiano Silveira (PT), Cabo Júlio (PMDB) e Fábio Cherem (PSD). O foco principal está sobre os 32 integrantes da base oficial, mas os chamados independentes, que têm votado sempre com o governo, também são observados.
Fiscalização semelhante é feita na Câmara Municipal pela Prefeitura de Belo Horizonte, mas diretamente pelo Executivo. Lá, segundo uma fonte, os vereadores são avaliados por presença, presença qualificada (nas votações em que são solicitados), os votos favoráveis e os contrários. “Tem uma equação que gera um ranking”, disse. Na assembleia, Pimentel conseguiu aprovar o orçamento com 63 votos e as mudanças na estrutura administrativa com 53.
O deputado Paulo Lamac (PT) disse desconhecer a existência de uma lista, mas afirmou que a fiscalização é normal. “Todo governo faz isso, eu não tinha essa sistemática mas é natural avaliar qual o nível de confiabilidade dos seus aliados”, disse o Lamac, que, quando vereador, foi líder de Pimentel e líder do governo Marcio Lacerda (PSB) na Câmara Municipal. Outro que disse não ter ciência do ranking é o deputado Fábio Cherem (PSD), mas o vice-líder de governo afirmou que, para os que estão dispostos a defender o Executivo ou têm uma postura mais branda, não existe óbice. “Aquele que quer vender uma imagem diferente da conduta na Casa pode ficar um pouco constrangido”, afirmou.
O líder do governo Durval Ângelo (PT) negou estar pontuando os colegas. O petista disse estar apenas passando a lista de votação, que é pública. “Aqui não tem isso, tinha era no PSDB. Agora, o Fernando assiste muito à TV Assembleia, antes mesmo de ser governador já via, então acredito que ele esteja assistindo”, afirmou Durval, quando questionado sobre o acompanhamento das posições políticas dos aliados na tribuna. Para o petista, a base está muito consolidada. “Teve dois grandes testes, que foram as votações do orçamento e da reforma. Isso uniu muito, deu um sentimento de pertença porque eles estão vendo o rumo que o Pimentel quer de estado”, disse.
Obras paradas
A oposição ao governador Fernando Pimentel (PT) na Assembleia quer que o petista liste as mais de 500 obras que diz terem sido paralisadas desde o final do governo passado.