Brasília - Agentes da Polícia Federal que atuam na Operação Lava-Jato enviaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos de quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE). A PF também quer os dados financeiros do ex-deputado João Pizzolatti (PP). Os quatro são investigados pela suposta participação no esquema de corrupção instalado na Petrobras. As informações são do site do jornal O Estado de S.Paulo. Ainda ontem, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, esteve em Brasília e fechou um acordo de delação premiada na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os pedidos feitos pela Polícia Federal foram protocolados de forma separada dos inquéritos em que os políticos são investigados e correm sob segredo de justiça. Segundo o Estado de Minas apurou, pedidos sigilosos também foram feitos ontem pela PF nos inquéritos que investigam o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) e o líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE). Não é possível, porém, determinar o conteúdo dos pedidos.
As solicitações são direcionadas ao relator da Lava-Jato no STF, ministro Teori Zavascki. As quebras de sigilo têm por objetivo esclarecer acusações feitas pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
EMPRESÁRIOFECHA ACORDO
O empresário Ricardo Pessoa é considerado o “coordenador” do grupo de empreiteiras que fraudava as licitações e negociava a delação desde janeiro. Ele também se comprometeu a devolver R$ 55 milhões. Ontem, ao ser ouvido por procuradores da República, fez referências a deputados federais e ao ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão.
Pessoa foi preso em novembro do ano passado, com executivos e empresários, na sétima fase da Lava-Jato. Chegou a ficar numa cela da Polícia Federal em Curitiba, mas, desde o mês passado, cumpre prisão domiciliar em São Paulo com utilização de uma tornozeleira eletrônica.
O senador foi citado como beneficiário, enquanto comandava a pasta de Minas e Energia, do esquema de propina montado pela organização criminosa. Há referências a pagamentos de até R$ 1 milhão. Na tarde de ontem, a defesa do parlamentar informou que não tinha como se pronunciar sobre o assunto em razão de não ter tido acesso ao conteúdo do depoimento prestado pelo empreiteiro. Alegou também que as delações devem ser analisadas com cautela porque representam uma estratégia de defesa de pessoas que, muitas vezes, estão desesperadas.
MAIS UM NA LISTA
Confira os principais investigados que já fecharam acordo de delação premiada
» Paulo Roberto Costa – ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
» Alberto Youssef – doleiro
» Júlio Camargo – executivo da Toyo Setal
» Augusto Ribeiro de Mendonça Neto – ex-dirigente da Toyo Setal
» Pedro Barusco Filho – ex-gerente de Serviços da Petrobras
» Eduardo Hermelino Leite – vice-presidente da Camargo Corrêa
» Dalton dos Santos Avancini – presidente da Camargo Corrêa
» Ricardo Pessoa – dono da UTC
ENQUANTO ISSO...
...FHC diz que malfeitos começaram com Lula
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em Nova York, que os atuais casos de corrupção no Brasil não começaram na gestão Dilma Rousseff e têm origem no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Defendeu o aprofundamento das investigações em andamento para que o país saiba “a verdade” sobre “quem é responsável pelo quê”. “Esses malfeitos vêm de outro governo, isso tem que deixar bem claro. Vêm do governo Lula, começou aí”, declarou, depois de participar de seminário com empresários e investidores. FHC fez a afirmação depois de dizer que o impeachment não pode ser discutido em abstrato e depende da comprovação de vínculo entre o governante e irregularidades. No discurso, ele apresentou uma visão otimista do Brasil e ressaltou que não se devem temer crises “eventuais” ou “conjunturais”.